O Rock Nacional Morreu e teve show Sertanejo no Enterro

O sertanejo substituiu o rock como a música consumida pela juventude brasileira. Se esta frase fosse escrita no começo dos anos 90, seria considerada ficção escatológica, mas na atualidade é a mais Pura Realidade.

Exaltasamba Anuncia Pausa na Carreira

Depois de 25 Anos de uma Carreira Brilhante e de Muito Sucesso, o Grupo Exaltasamba anuncia que vai dar uma 'Pausa' na Carreira.

Discoteca Básica - Aviões do Forró Volume 3

O Tempo nunca fez eu te esquecer. A primeira frase da primeira música do Volume 3 do Aviões doForró sintetiza a obra com perfeição: um disco Inesquecível.

Por um Help à Música Sertaneja

Depois de dois anos, João Bosco e Vinicius, de novo conduzidos por Dudu Borges, surgem com mais um trabalho. Só que ao invés de empolgar, como foi o caso de Terremoto, o disco soa indiferente.

Mais uma História Absurda Envolvendo a A3 Entretenimentos

Tudo começou na sexta-feira, quando Flaviane Torres começou uma campanha no Twitter para uma Espécie de flash mob virtual em que os Fãs do Muído deveriam replicar a Tag #ClipSeEuFosseUmGaroto...

domingo, 28 de agosto de 2011

Dançarinas dos Aviões do Forró na Playboy

sábado, 27 de agosto de 2011

Cabaret Top Single Um


domingo, 21 de agosto de 2011

O encontro de Xandy Avião e Gusttavo Lima


Depois de ter figurado na coletênea "Assim você me mata", com as regravações mais constrangedoras da música sertaneja em 2011, Gusttavo Lima resolveu estender o "conceito" para o visual. O mais provavel que tenha acontecido é que durante os ensaios no PROJAC para o Criança Esperança, Gusttavo tenha conseguido acesso ao guarda-roupas de Agostinho Carraro e "dado um ganho" num modelito. Na fuga do local tropeçou em um fio desencapado e levou uma descarga elétrica de 220V. Foi socorrido por Xandy, cantor dos Aviões do Forró. Com a coluna doendo por causa de um mal jeito na queda, Gusttavo escora-se em Xandy e bate esta foto.

sábado, 20 de agosto de 2011

A semana no Forró

aResumão do que aconteceu no forró no última semana.

- Calcinha Preta está em turnê pela Europa. Os shows ocorrerão na Itália (Milão), Espanha ( Madrid e Barcelona), Portugal (Porto e Lousada) e na Holanda (Amsterdã). A banda inclusive anda causando frisson em sua passagem pelo velho mundo, a música "Será que vai rolar?" ainda em alta rotatividade nas raves de Ibiza e Saint Tropez, em versão technoforró.


- Os últimos meses tem sido bem agitados para o Forró do Muído. O novo cantor Naldinho não foi bem recebido pelos fãs, que fizeram uma verdadeira marcha virtual nas redes sociais implorando pela volta de Binha Cardoso. A cantor Simaria não ficou em cima do muro e deu a entender que apoiou a causa dos fãs. Inclusive insinuou que sairia da banda junto com a irmã Simone para integrar um suposto "Forró das Coleguinhas" e segundo fontes, brigou feio com o chefão da A3 Entretenimentos Isaias Cds. Resultado: apartir do dia 10 de setembro Binha Cardoso volta pro Forró do Muído.

Binha Cardoso e Simaria Mendes - A força de uma amizade fez a diferença

- A banda Mala 100 Alça confirmou que fará parte da trilha sonora do filme Nego D´água. O filme, dirigido pelo autor e diretor Flavio Henrique, será ambientado no bairro do Angaray, uma colônia de pescadores de Juazeiro da Bahia e terá Maria Flor no papel principal. O grosso do elenco no entanto, será de artistas locais.

- É hoje a apresentação dos Aviões do Forró no Criança Esperança. Só que quem está esperando o reconhecimento da banda como o grande nome do gênero da atualidade, pode ir tirando o cavalinho da chuva. Consta que a banda dividirá o palco com Roberta Sá e Geraldo Azevedo, cantando um pout pourri de forrós antigos. Na cabeça da produção, os dois convidados emprestariam respeitabilidade, coisa que difinitivamente os Aviões do Forró já possuem. Já Roberta Sá e Geraldo Azevedo precisam é de mídia, sumidos que estão e isso conseguirão às custas dos Aviões. Lamentável tudo isso.

Ensaio dos Aviões do Forró no Criança Esperança

- O Movimento Forró das Antigas, capitaneado por Mastruz com Leite, Magníficos e Limão com Mel vão fazer uma expensa excursão pelo estado do Pará, passando por cidades como Belém, Capanema, Bragança, Castanhal, Tucuruí e Marabá. Enquanto a atual geração do forró se enreda cada vez mais em intrigas, difamações e traições, o pessoal dos anos 90 demontra que a união faz a força.

- A cantor Samyra do Forró dos Plays fez ontem a cirurgia de retirada do útero em função de um câncer recentemente detectado. A banda não quiz escalar uma substituta e permanece em recesso enquanto aguarda a recuperação de sua líder.

Samyra Show, cantor do Forró dos Plays de licença médica

- É hoje em Natal a gravações do sexto disco de carreira da Garota Safada. A inovação fica por conta de que pela primeira vez se tratará de uma gravação ao vivo. A expectativa é grande, tanto na escolha do repertório - devido a recentes denuncias de cópias de músicas - quanto pelo resultado técnico final. O disco ainda não tem previsão de lançamento.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Reginaldo Rossi - Leviana

Sem mais...

sábado, 13 de agosto de 2011

Na música brasileira: os Moralistas apresentam suas máscaras

Alguma coisa deve estar acontecendo na sociedade brasileira, cujos efeitos estão se refletindo no música. Não na música em si, mas na maneira como ela é percebida e aceita. Uma onda de moralismo está se esparramando pelo país, atingindo locais os mais inusitados, como por exemplo... este cabaret! Inconscientemente embarcamos nessa, só fui perceber o padrão agora.

Já fazem dez dias que postamos um coleção de singles sertanejos sob o título de "Assim você me mata", apontando os lançamentos recentes mais constrangedores. Era uma brincadeira, pelo eu não levei tão a sério - tanto montei um disco com elas e escuto bastante, mas o post teve uma certa repercussão que revela uma tendência. Um sentimento nostálgico que nem é tanto querer reviver o som do passado, mas sim rever o som passado e com isso qualificar o que se produz na atualidade e com isso criar o som do futuro.

Não é só no sertanejo que está acontecendo isso, no forró também e inclusive já está mais adiantado, um movimento já está organizado. O Movimento Forró das Antigas está em plena ascenção, com apresentações cada vez mais solicitadas encabeçado por três dinossauros do setor: Mastruz com Leite, Limão com Mel e Magníficos. Como no caso do sertanejo, o clima é retrô. Pra se ter uma idéia da dimensão dessa guinada no forró, o movimento conta agora com os reforços Painel de Controle, Cavalo de Pau, Lagosta Bronzeada e Calcinha Preta. Se eles excursionarem todos juntos, que é o que costumam fazer, pode colocar o nome da turnê de Jurassic Park Forró Tour 2011.

Sertanejo e forró movimentam um mercado gigantesco, o moralismo aqui está sendo leve, disfarçado no que poderíamos de chamar de juízo de valor estético. Em mercados mais periféricos, esse juízo de valor é praticado com mais despudor. Nas três maiores capitais da música fora do eixo Rio-São Paulo os moralistas estão mostrando suas garras. Recife, Salvador e Belém.

Na semana passada em Belém do Pará, a banda Gang do Eletro foi impedida de se apresentar em um show do Jota Quest porque a organização achou que o público que estava lá não gostava de eletromelody, por ser música de periferia. Em Salvador a máscara usada pelo moralismo é o feminismo. Uma deputada estadual quer impedir que o governo patrocine eventos em que bandas de Swingueira tocam músicas com letras que denigram ou rebaixem as mulheres.

Já em Recife o bagulho foi mais tenso, a parada foi parar numa de delegacia de polícia. Os MCs Cego & Metal, denunciados pelo Ministério Público, tiveram que prestar esclarecimentos na Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente, quanto ao teor de suas letras. Ocorre que formou-se uma cena local, onde a molecada tá misturando brega com funk e culto às "novinhas" é lugar comum nas letras. Cego & Metal nem são os expoentes máximos do novo gênero, que já consagrou verdadeiros astros locais, como Mc Tróia ou Bobo da Mustardinha.

O número um é o Mc Sheldon e é dele o maior flagrande do BO: "Se eu mato, eu vou preso / se eu roubo, eu vou preso / se é pra pegar novinha / eu vou preso satisfeito / a de quatorze eu tô fora / de quinze é muito nova / dezesseis já tá na hora / dezessete eu vou agora". Cego & Metal foram liberados após declararem que pelo menos em suas composições, as "novinhas" pertencem a uma faixa etária entre 18 e 25 anos.

Como se pode ver, de cabo a rabo de nossa nação varonil, os moralistas apresentam suas armas. Já disse, isso deve ser o reflexo de algo que deve estar acontecendo na sociedade brasileira, mas não vai ser eu e nem vai ser neste post que explicarão que porra está acontecendo. Não foi pra isso que evitei o vestibular de sociologia. Só que sempre gostei de brincar de ligar os pontos e por enquanto é isso que estou fazendo. Quando as linhas formarem um padrão inteligível, podes ter certeza que será aqui no cabaret que vou postar a solução.

sábado, 6 de agosto de 2011

Bis Entretenimento boicota participação da Gang do Eletro em show do Jota Quest em Belém do Pará

Era pra ser uma grande noite. Pela primeira vez na história, uma banda de projeção nacional dividiria espaço com uma banda que surgiu do caldeirão criativo do tecnomelody: a Gang do Eletro iria encerrar o show dos mineiros do Jota Quest em seu show em Belém. O evento foi organizado pela empresa paraense Bis Entretenimentos, que se autointitula a "Maior produtora de ventos no norte do país". Mas não só, foi a Bis Entretenimentos que capitaneou a gravação do DVD Movimento Tecnomelody para a Som Livre e se diz a maior divulgadora e insentivadora dos artistas do Pará.
Pois bem. Não foi uma grande noite, muito pelo contrário, foi uma noite vergonhosa para todos que se consideram admiradores da cultura paraense. A Bis Entretenimento boicotou a Gang do Eletro, impossibilitando a apresentação. A empresa ainda não se manifestou publicamente a respeito, o que não significa nada, pois uma atitude dessa pode até ser explicada, mas nunca justificada. O cantor Rogério Flausino divulgou amplamente em seu Twitter que a Gang do Eletro participaria do show como convidada pessoal, até anunciou a banda quando acabou sua apresentação... No entando as luzes foram apagadas, o som desligado e Waldo Squash, Madeiro e a turma toda ficou no palco com cara de tacho. Segundo Waldo "foi a pior humilhação da minha vida".

O que leva uma empresa a tomar uma atitude indefensável dessas? A história é longa e se no final soar como novela mexicana, a culpa não será minha, coloquem na fatura dos protagonistas.
Tudo começou em abril de 2009, quando os baianos da banda Djavú plagiaram metade do CD da banda Ravely. Essa história eu contei nos mínimos detalhes no Watergate do Tecnobrega, taí o link. O fato serviu de alerta para que a Bis enchergasse aí uma ótima oportunidade de capitalização e imediatamente tratou de organizar a gravação de um DVD com os artistas de tecnomelody. A Som Livre comprou o peixe e o projeto prosseguiu.

Ocorre que a Bis tem um talento enorme para organização de eventos, seu departamento comercial é super competente, mas eles não possuem um departamento artístico, o que levou a cometerem uma série de patuscadas. Economizaram onde não deveriam e gastaram horrores onde não poderiam. O resultado foi um cenário medíocre, figurinos sofríveis e um retumbante fracasso. O DVD Movimento Tecnomelody hoje em dia não serve nem como peça de museu, pois nem o espírito da época conseguiu capturar.

Mas a Bis não conseguiu enxergar isso, e passou a gastar mais e mais dinheiro na divulgação do DVD, cobrando das bandas participantes empenho irrestrito. Mas empenho para divulgar o DVD, não as bandas. O contrato não previa uma mão dupla, era tudo pro DVD e pra Bis e nada para as bandas. Daí que aos poucos os próprios artistas foram se afastando do projeto. A Bis não soube ser diplomática e foi cortando relações com um por um deles.

Em agosto do ano passado passei a assinar uma coluna semanal no jornal O Liberal. No começo foi tudo muito, tudo muito bem, mas com o passar do tempo começei a sofrer pressão. A primeira vez foi quando questionei a relevancia da lei que tombava o tecnomelody como patrimonio cultural. O deputado Bordalo era amigo da Bis, ele leu, não gostou e pediu minha cabeça. Me safei por pouco.

Logo depois publiquei uma coluna sobre a Gang do Eletro e sugeri para a Bis que investisse tudo que tivesse nos meninos, porque eles tinham tudo para estourar. Ouvi a seguinte resposta: "convidamos eles para tocarem em um evento beneficiente e eles não foram, logo, não vamos ajudar quem não se ajuda". Na época liguei pro Waldo e ele me garantiu que o convite tinha sido feito em cima da hora e como não seriam remunerados, era impossível se organizarem a tempo.

Foi nessa época também que Gaby Amarantos passou a se aproximar da Gang do Eletro e se afastar da Bis. Eu continuava no Liberal e continuava a escrever o que acgava que deveria ser escrito, mandei outra coluna sobre a Gang, desta vez anunciando o reforço de Keila e William. O pessoal da Bis não gostou muito, embora não tenham externado isso. Mas foi só eu escrever um texto sobre o disco novo da Gaby (falando bem, eu escutei a prévia e gostei muito) para que eles surtassem. Recebi uma ligação de uma interlocutota aos berrosm me dizendo impropérios, desligando na minha cara e me defenestrando do Liberal.

Seis meses depois, fui escalado pelo concorrente deles (nada mais natural, na sequencia dos fatos, que eu aceitasse a proposta) para cobrir o Terruá. Assim foi feito e minha matéria saiu em duas páginas no Diário do Pará. Uma delas inclusive era deidicada a banda e anunciava "A Revolução da Gang do Eletro". Foi chegar o jornal nas bancas que recebi um e-mail altamente ofensivo por parte de um(a) funcionário(a) da Bis. Dali pra frente, devido a algo que os psicólogos chamam de projeção, a Gang do Eletro passou a ser a personificação de todas as frustrações da Bis Entretenimentos.

Quando o Jota Quest anunciou o convite da Gang do Eletro para abrirem seu show em Belém, imediatamente tentaram embargar, mas como o convite tinha sido emitido pelo próprio cantor Rogério Flausino, não puderam negar a priori. Mas não desistiram. Durante o dia do show, tentantam difucultar ao máximo as coisas, negando transporte, camarim. Pra vocês terem um idéia, ao chegarem no local do show, nem o nome dos membros da Gang constava na portaria, foi necessário que o produtor do cantor Otto fizesse várias ligações para eles poderem entrar.

O plano de boicote da Bis foi sórdido. Ao invés de fazer o show de abertura, escalaram a Gang para encerrar o show do Jota Quest, algo no mínimo inusitado, uma banda pequena encerrar o show de uma banda grande. Na sequencia não deixaram a Gang fazer a passagem de som e ao acabar a apresentação do Jota Quest e mesmo com Rogério Flausino anunciando a próxima atração, as luzes foram apagadas, o som desligado e a festa encerrada.

Algumas pessoas que tinham ido lá só pra assistir a Gang do Eletro ainda perrguntavam pelo show, mas nada pode ser feito. Se a Bis Entretenimentos virá a público dar a sua versão dos fatos, não sei, mas o que sei é que o que contei aqui nesse texto é apenas a ponta de um iceberg de incompetência, egos inflados, mentalidades provincianas e prepotência por parte de funcionário da Bis, que afundou o Movimento Tecnomelody e por pura pirraça, quer fazer o mesmo com a banda mais empolgante que surgiu em Belém nos ultimos anos, a Gang do Eletro.

Eu me envergonho de ter um dia mantido parceria com essa empresa e agradeço todos os dias o pé que um dia chutou minha bunda.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Documentário sobre os Aviões do Forró

Desde que este Cabaret se lembra por gente, que queríamos contar a história dos Aviões do Forró. Sabíamos que tratava-se de um roteiro pronto para um filme. Foi com muita emoção que assistimos esse documentário e é com muito orgulho que apresentamos com primazia e exclusividade este video para nossos nobilíssimos frequentadores. Depois ele vai ser replicado em meio mundo de blogs e site, mas aqui você viu antes!

Bonde do Maluco - Volume 7

No post anterior falei que Edcity é o segredo mais bem guardado de Salvador. Só que bem perto da capital soteropolitana, numa cidade pequena chamada Madre de Deus mora um cidadão chamado Anderson Luis Ventura Oliveira, natural de Candeia e que desde 2007 comanda a banda mais criativa, original, divertida e competente do arrocha: o Bonde do Maluco. Dan Ventura, como é conhecido o cantor, compositor, arranjador e milorde da fuleragem, é um segredo baiano tão bem guardado quando Edcity. Os dois são a vanguarda da música baiana, mestres no que fazem.


É certo que assim como Edcity andou cometendo uns vacilos no último semestre, o Bonde do Maluco vinha de um disco meio boca, o Volume 6, lançado no final do ano com a intenção de dar uma realçada nas musicas do Volume 5 para o carnava, o repertório era quase o mesmo nos dois discos. Agora em julho Dan Ventura se redime do passo em falso e surge com seu Volume 7, o melhor lançamento desde o clássico primeiro disco.

O processo de criação se repete desde os primórdios, Dan Ventura se enfurma no estúdio que fica no quintal da casa de sua mãe Dona Lucinha e enquanto Pit, uma fêmea de Pitbull mais mansa que pinto recém nascido faz a guarda com sua presença imponente, ele cria as melodias, as letras e os arranos. O processo todo costuma durar uma semana. O suficiente para que o rapaz saia de lá com uma coleção de canções que celebram a alegria, a fuleragem, a putaria e a bebedeira. É literalmente o caso deste Volume 7.

Já na abertura, um bispo anuncia: "Irmão, você quer se salvar? Então venha para o Bonde do Maluco" pra em seguida cantar a crônica de uma patricinha que se converteu a fé no Senhor e que não desce mais até o chão na frente dos paredões. Na segunda fala ele esnoba "Agora que virei o cabaré / agora você quer" para uma rapariga que o escurraçava quando estava na merda. "Não pare" é uma salada dançante que mistura arrocha, com música árabe, latina e dance music que só o Bonde tem o dom de servir sem causar intoxicação auricular em quem escuta. "Olha a cara dela" é sobre uma espécie imune aos riscos de extinção, as piriguetes.

Na quinta faixa uma prática que quase não se comenta, mas que o Bonde do Maluco costuma utilizar a anos, versões de musicas estrangeiras nada óbvias. Nos discos anteriores foram músicas do grupo português Irmãos Verdade, a saber a sensacional "Isabela" e "Keila". Desta vez foi a versão direta para o português do sucesso latino "Shorty, Shorty" do grupo Extreme, que virou "Choro, Choro". Já "Pare de chorar por ele" foi composta exclusivamente para ser cantada junto com Rafinha, da banda Asas Livres, uma instituição do arrocha que um dia ainda terá seu valor devidamente reconhecido pela crítica cultural que faz de conta que o arrocha não existe.

"Chicotada e tchau" é outro dueto, desta vez com o funkeito carioca MC Jota. Na saída de um show Dan escutou um carro tocando um CD da Furacão 2000, escutou essa música, bolou uma versão arrocha dela e, ao contrário da grande maioria dos artistas nordestinos, ao invés de tocar o foda-se e gravar a música no outro dia, ligou pro cantor original. O cara gostou tanto da idéia que foi pra Salvador e ficou dois dias por lá, participando do CD.

"Meu nome é Dan Ventura e meu sobrenome é fuleragem!" anuncia o moço de familia na conceitual "Sou o cara do paredão". O conceito é putaria. "De costa mainha" tem tudo explícito em seu título, dispensa maiores explicações. Com temáticas tão comuns e batidas, pode-se dizer que são o ponto fraco do disco. No entanto essa sensação é dissipada com as duas músicas seguintes, dois resgates de pérolas esquecidas.

"Como é doce o beijo" é um clássico dos anos 80, um funk melody da banda Copacabana Beach e "Disco do Raul" chegou a ser gravada pelo cantor de axé Tomatte, mas que na época não rolou. A fatura aqui deve ser enviada pra quem canta em lual, a música é perfeita para aquele momento em que Legião Urbana começa a ofender o saco escrotal. Depois de uma dobredinha dessas, é só partir pro abraço. No caso, partir pra pista de dança curtir uma pisadinha para a parte final da festa.

É o que fazem as músicas "Passo da sacanagem", "Bum bum" e "Desce com a mão no tchan", nesta música várias cidades que já viram os shows do Bonde são evocadas e listadas. O disco se encerra com um arrocha de raiz, por assim dizer, musica romantica para dançar coladinho, bem arrochadinho, bem swingadinho, daquele jeito que escandaliza o bom gosto da casa grande, mas que faz a alegria da senzala, "Morro de amor por ela".

Após quatro anos na estrada e sete discos no currículo, o Bonde do Maluco ainda pode ser considerado um grupo underground, já que pouquíssimas foram as aparições na grande mídia. Mas a banda vive na estrada e por onde quer que passe, conquista uma legião de fãs com seus show alegres e descontraídos. Os caras tem o dom de serem fuleiros sem serem vulgares. O sucesso que fazem entre as crianças é uma prova disso. Se lembrarmos que até Jesus já dizia pra prestarmos atenção nas crianças, então isso deve significar alguma coisa. É como disse o pastor do começo do disco: "Irmão, você quer se salvar? Então venha para o Bonde do Maluco!!".


Edcity Ao Vivo no Salvador Fest 2011

"Eu sou o Jason do pagode!" brada Edcity antes de puxar a massa pra pilar ao som do refrão "... tome pau / tome paulada / tome pau / tome paulada / eu nunca vou morrer". A metáfora não podia ser mais adequada. O cantor Eddy já foi dado por morto diversas vezes. Seja quando saiu do Parangolé para criar o Fantasmão. Seja quando perdeu seu Fantasmão para empresários inescrupulosos e teve que recomeçar do zero com seu Edcity. Até mesmo quando lançou o pesadíssimo disco "Rap Groovado", considerado anti-comercial ou então quando apareceu com "Transfiguração", com musicas de outros artistas e considerado - pasmem! - comercial demais. Este ano, seu disco "Viva, levante-se e vibre" foi considerado por muitos inseguro, indeciso e sem foco e ainda por cima a música que se destacou não era autoral e o pior, versão de uma funk: "Bonde da Oklay". Pois no Salvador Fest deste ano Edcity deu um puta show e mostrou que sim, ele é o Jason do pagode que mesmo depois de morto, ressurge apavorando a concorrência.


E isso aconteceu sem nenhuma reivenção da roda, Edcity simplesmente foi ele mesmo, preparou um repertório de cunho pessoal, não necessariamente autoral e executado com a paudurescência que lhe deu a fama de voz do gueto. Simples assim, conseguiu fazer o melhor show do festival, que foi gravado, divulgado na Interner e aclamado por unanimidade por seus fãs.

Se levarmos em conta a diferença de extrutura e investimento ente esse show e "Confraria dos Fantasmas", o áudio do DVD do Fantasmão, esse pode ser considerado o melhor show fa carreira de Eddy, pelo que representa depois de tudo que aconteceu. Mandando as convenções e as espectativas medíocres do senso comum às favas, abriu com "Bonde da Oakley" e logo em seguida emendou "Sou Favela" recebida com entrega total por uma platéia que pulava alucinada e gritava o refrão aos berros. Uma vinheta de "O coro vai comer" de Charlie Brown Jr. e mais porrada com "Você no muro e nós no bagulho". O jogo estava ganho.

Na sequência, duas atitudes que fazem de Eddy a personalidade mais peculiar do pagode. Primeiro ele pára de cantar "Tão de rajada" para exigir civilidade de um segurança que expulsava um penetra. Foi aplaudido pela platéia. Depois, durante a execução de "Covardia", desce do palco, atravessa a multidão em direção a mesa de som para de lá afirmar sem rodeios que sua banda é FODA!


De volta ao palco, samba de roda de raíz com "Vai no sambão da nega".
A inédita "Papagaio de pirata" foi recebida de braços abertos e com certeza terá cadeira cativa em seu repertório. Após a supracitada "Jason" o hino "Liberdade", dedicado aos presidiários, com sua letra que chora a tristesa de quem, mesmo do lado de fora das prisões, vive aprisionado pelo medo e pelas grades nas janelas e portas de suas casas.

Uma dobradinha dançante "Edcity te pega e te panha / Na geral" e mais musica de conscientização, no caso "Bicudo" da banda New Hit com participação do cantor Dudu: "Me ofereceram pedra/ eu neguei / me ofereceram pó / disse não". "Chupa aqui pra ver se sai leite" é dedicada a Nenel do Sheik Style e que, ainda nos tempos de Parangolé, tece sua parcela de autoria na concepção do groove arrastado, a nova e moderna forma de se tocar pagode baiano que escontrou sua expressão máxima no Fantasmão.

"Acende, puxa, prende, passa, índio quer caximbo índio quer cachimbo índio quer fazer fumaça" serve de introdução da trinca final de "Vizinho conspirão", "Traíra" e "Papu Colombiano". Essa última fez e faz muito mais pelo combate ao crack nas periferias de Salvador que qualquer campanha de qualquer governo ou qualquer ONG: "Atire a primeira pedra quem nunca errou / mas não se jogue na pedra quem nunca se jogou".

No encerramento, tudo acaba onde começou, com um medley de "Bonde da Oakley" e "Sou favela". Enquanto na mídia se discute um projeto de uma deputada oportunista que luta contra as bandas que tocam músicas com letras repletas de baixaria, Edcity começa e termina o show com a versão de um funk, sem apelar nunca, sem deixar a peteca cair e provando que ainda existe espaço e público para seu pagode com conceito. Numa cena da qual o Brasil só conheçe "Rebolation" e "Liga da Justiça", Edcarlos Conceição, o Edcity continua sendo o segredo mais bem guardado de Salvador. Uma relíquia apreciada por algumas dezenas de milhares de sortudos. Como eu e como você, pois abaixo disponibilizamos a discografia solo do rapaz para download.

Baixe o show resenhado neste post > Edcity Ao Vivo no Salvador Fest 2011


Discografia:

Raízes 2010/2011


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Troféu ASSIM VOCÊ ME MATA com as músicas sertanejas mais constrangedoras lançadas em 2011

Preparar essa coletânea/premiação e escrever este release é como espremer um furúnculo. Desagradável, necessário e por fim aliviante. Trata-se das dez piores musicas sertanejas lançadas em 2011. Mas não piores por serem óviamente ruins, toscas ou mal cantadas ou produzidas. Ruins também por serem mancadas que caem mal no repertório de determinado artista por destoar do usual (ou do conveniente) ou então pela má influência que exercem no mercado e o triste legado que podem deixar para as próximas gerações.
Esperamos não ser mal interpretados. Não estamos aqui pra avacalhar com tudo e com todos e nem pra desrespeitas ou efender ninguém. Isso aqui tudo é uma brincadeira e a bem da verdade somos fãs de quase todo mundo nessa lista. E até porquê também, isso daqui é um release e devo adiantar que o CD é divertido. Então aumenta aí que isso daí também é sertanejão!

Bloco 1 - Abertura

10) Gustavo Lima & Reginho - Minha mulher não deixa não

Nem tanto pela ruindade, mas por merecimento e representatividade, para o último lugar e simultaneamente abertura das festividades, esta que foi a gravação primordial de um sucesso viral na música sertaneja em 2011. O Marco zero. Uma mancha na carreira de Gusttavo Lima, que é famoso por ser quase 100% autoral, mas cometeu essa gravação com Reginho, que se encontrava praticamente foragido no sul, porque tinha negociado essa musica com duas bandas de forró simultaneamente. Pegou dinheiro das duas e nenhuma das duas levou. No caso dessa gravação com Gusttavo, não se sabe quem pagou quem.

Bloco 2 - Novatos que já começam fazendo merda

09) Pedro Paulo & Alex - Adultério

08) Tom & Arnaldo - Dança com tudo

07 ) Janderson & Anderson - Madrugada (part. Stefhany)

06) Luis Fernando & Zé Miguel - Você quer

OK, a gente já ouviu o Latino fazendo isso de misturar funk com sertanejo, só que o Latino tem o dom pra fuleiragem, vamos nós caipiras lá arriscar um trem desses? Dá nisso. Então esses meninos: Pedro Paulo, Alex, Tom e Arnaldo, os nossos melhores cafetões tem um valiosíssimo conselho a dar, reconsiderem batalhar um vestibular enquanto o sucesso não vem?

Pra Luis Fernando & Zé Miguel a gente até dá um desconto, devem ter sido pego no calor dos acontecimentos e queriam ser o primeiros a replicar aquela pérola do cancioneiro de Youtube, não foram tão "conceituais" quanto aos agorotos do funk. Agora francamente, venhamos e convenhamos, a gravação de Janderson & Anderson é de constranger samambaias. Minha memória afetiva de Stefhany está intacta porque não aguentei esperar ela entrar. A caixa de comentários está aí para isso, se conseguirem ouvir até o final, me contem como ela se saiu.

Bloco 3 - Encontro de gerações no Meio de Campo

05) Henrique & Diego - Canudinho

04) Guilherme & Santiago - Triste e Alegre

Dentre a geração de artistas apadrinhados por Sorocaba, Henrique & Diego são os mais promissores. Com uma penca de músicas próprias e regravações bem sacadas, o segundo disco deles, lançado ano passado é impecável. Nada justifica terem gravado uma música que contém a infame frase "Por você eu bebo o mar de canudinho / e atravesso o pólo norte de xortinho". O compositor deve ter achado essa frase em um bilhete perdido no chão da Avenida Paulista após a parada gay. Só pode.

Já o caso de Guilherme & Santiago é ainda mais grave. Os dois são os grandes penetras da nova geração sertaneja. Estão na estrada a anos, mas conseguem se encaixar em quase todos os eventos e coletâneas dos novatos. Até aqui conseguiram! Não bastasse a letra ser primária, os caras ainda acham por bem fazer uma declamação no meio da música.

Bloco 4 Final - Vergonha Alheia: o pódium dos grandes pés na jaca

Tirem as crianças da sala, o mesmo pessoas de idade avançada, os três grandes vencedores não precisavam fazer o que fizeram, todos os três estavam muito bem obrigado no mercado e as razões que os levaram a cometer essas músicas provavelmente nunca virão à tona ou por serem inconfessáveis ou por não existirem.

03) Fernando & Sorocaba - Pega eu

O contraste é ofuscante. A um ano atrás a dupla Fernando & Sorocaba trabalhava as músicas de um sofisticadíssimo disco acústico, celebrava um contrato com a Som Livre e seu DVD era divulgado na Globo em horário nobre. Mais ou menos na época a supracitada cantora Stefhany era motivo de chacota por usar o mote "Leva eu" em seus clipes toscos. E o que temos aqui? Uma composição do aclamado criador Sorocaba cuja refão contém as pérolas "Pega eu, leva eu, chama eu". Com direito a passagem de hip hop.

02) Jorge & Mateus - Eu quero só você

Que chamem o antigo produtor deles, o maestro Pinochio, coloquem em suas mãos uma chibata e dêem ordens expressas de uma senhora surra nesses caras. Jorge & Mateus não precisavam ter cometido essa regravação. Depois de "Aí já era", o grande disco de 2011, a última coisa que eles poderiam ter feito é uma regravação de um Axé que por sua vez era uma versão para uma música do norte americano Akon. Cópia da cópia. O pior é que nada funciona, um arranjo terrível onde não se distingue direito os intrumentos, um Jorge mais perdido que filho de prostituta em dia dos pais, que não sabe se vai ou se não vai.

01) Michel Teló - Assim você me mata

O grande campeão acabou mesmo sendo o cidadão que com sua "obra" acabou nomeando nossa premiação. Michel Teló anda dando claras demonstrações de que está com medo de entrar para a posteridade como um "homem de uma sucesso só" por conta de sua "Fuginha". Ele já tentou reproduzir o relâmpago com "Se intrometeu" que não emplacou e agora nos aparece com essa nova tentativa de sucesso nas baladas. Não estamos aqui dizendo que ele não vai conseguir ou que essa música seja intríscecamente ruim. A versão do forró com a Estakazero é cativante, sucesso em todo o nordeste. O que ocorre é que ela não combina com a "proposta de carreira" - a essas alturas convém acrescentar: se é que ela existe - de Michel Teló. Se comentarmos a importação da coreografia pornográfica no refrão e levantarmos a lebre que de que a música veio de um funk, cuja regravações já foram publicamente criticadas pelo produtor Dudu Borges, a coisa fica ainda mais complicadas. Como vovó já dizia: a língua é o chicote da bunda.

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