O Rock Nacional Morreu e teve show Sertanejo no Enterro

O sertanejo substituiu o rock como a música consumida pela juventude brasileira. Se esta frase fosse escrita no começo dos anos 90, seria considerada ficção escatológica, mas na atualidade é a mais Pura Realidade.

Exaltasamba Anuncia Pausa na Carreira

Depois de 25 Anos de uma Carreira Brilhante e de Muito Sucesso, o Grupo Exaltasamba anuncia que vai dar uma 'Pausa' na Carreira.

Discoteca Básica - Aviões do Forró Volume 3

O Tempo nunca fez eu te esquecer. A primeira frase da primeira música do Volume 3 do Aviões doForró sintetiza a obra com perfeição: um disco Inesquecível.

Por um Help à Música Sertaneja

Depois de dois anos, João Bosco e Vinicius, de novo conduzidos por Dudu Borges, surgem com mais um trabalho. Só que ao invés de empolgar, como foi o caso de Terremoto, o disco soa indiferente.

Mais uma História Absurda Envolvendo a A3 Entretenimentos

Tudo começou na sexta-feira, quando Flaviane Torres começou uma campanha no Twitter para uma Espécie de flash mob virtual em que os Fãs do Muído deveriam replicar a Tag #ClipSeEuFosseUmGaroto...

sábado, 29 de outubro de 2011

Cabaré do Timpin foi hackeado

Ontem nosso Cabaret foi hackeado. Não foi nada de grave, o estrago foi pequeno - se é que dá pra chamar o que ocorreu de estrago. Na verdade foi com se fosse uma espécie de aviso do tipo: estamos aqui, de olho no que você está fazendo. No caso um post em específico ficou impossível de ser viazualizado. Um segundo após a página carregar, imediatamente era redirecionado para a página de pesquisa do site 4Shared.


O post hackaedo foi "Eu te amo e Open Bar" de Michel Teló em versão Eletromelody da Gang do Eletro. Ele continha a notícia de que pela primeira vez na história da música brasileira, uma versão tecnobrega de uma música sertaneja havia sido lançada antes da original. Explico.

Michel Teló está preparando um DVD com músicas "de balada" e uma delas é chama-se "Eu te amo e open bar" e tem batidas eletrônicas. De sertanejo apenas a sanfona, de resto é dance music. Alguém da platéia filmou de seu celular e postou no Youtube. Dali para alguém no Pará pescar o peixe foi um pulinho. Daí nasceu a versão "Super Pop pra sempre vou te amar". Como o Google rapidamente indexou esse post, basta digitar "Eu te amo e open bar" e nosso post é um dos primeiros resultados.

O fato é: alguém viu e isso, não gostou e hackeou o nosso blog. Não sabemos se foi alguém da produção de Michel Teló ou algum fanático maluco pelo Polaco Miguézão. Se Michel Teló é inocente neste caso, seria interessante que ele se manifestasse. Em tempos de Twitter, isso até seria fácil se ele não tivesse a insensates de nos bloquear. Mas enfim, restabelecemos o post e agora tudo voltou a normalidade, como vocês podem conferir no link abaixo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Chimbinha, o Urologista

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Banda Calypso em Curitiba - Minha primeira vez

A coincidência é o fio secreto que amarra o mundo, escreveu certa vez o roteirista de quadrinhos Alan Moore. O psicólogo Carl Gustav Jung chamava de Sincronicidade. Eu chamo de Linguagem de Deus. Nos últimos dias as coincidências estavam se multiplicando comigo. Um sinal de que Deus estava querendo me alertar para algo, mas eu não estava conseguindo decifrar. Na sexta-feira, desci do ônibus na chegada ao trabalho e pensei comigo mesmo: "a providência divina está trabalhando a meu favor de novo, alguma coisa legal vai me acontecer. Chegando no trampo, a primeira coisa que meu colega Gilson The Fellow me falou foi: "vais ver a Joelma hoje?" E eu: "O quê?!" E ele: "vai ter show da Calypso hoje em Curitiba". Então era isso! Bingo!

Vocês conhecem aquele galeguinho lindo e de chapéu na esquerda da foto?

Pra completar a magia da coisa, constatei no Twitter que Raphael Acioly, o assessor de imprensa da banda e meu camarada estava vindo também. Perfeição maior que essa somente a música das esferas de Pitágoras. Assim que o mala desembarcou no aeroporto Afonso Pena liguei e anotei o nome do hotel onde a turma se hospedaria. Ele disse que estava de virada e que me ligaria assim que acordasse. No cagaço de dar alguma merda, assim que saí do trampo já me dirigi para o hotel. Até porque, era longe pra cacete e teria que encarar quatro ônibus pra chegar lá. Melhor não arriscar.

Como sou um notório sortudo, acabei por chegar cedo demais e ao mesmo tempo que uma garoa munida de uma frente fria. Com vergonha de ficar esperando na recepção do hotel, esperei o tempo passar num posto de gasolina, passando mais frio que coxa e sobrecoxa de frango em frigorífico da Sadia. Quando a hipotermia nocauteou a vergonha resolvi encarar a recepção do hotel. Obviamente que estavam todos dormindo, segundo a informação da recepcionista. Fui salvo por um Guiness Book of the Records que tinha numa mesinha de centro.

Não demorou muito tempo pra constatar que eu não estava sozinho ali. Uma galerinha sentada numas poltronas eram claramente fãs. Quando uma mina saiu pra fumar um cigarro colei nela e puxei assunto. Eram de um fã-clube de São Paulo e assim como eu, foram supreendidos pela frente fria e estavam tiritando de frio. Perguntei qual o motivo de estarem ali, já que a banda vive tocando em Sampa. A mina me respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo, que eles iam em todos os shows possíveis, independente da cidade ou do estado. Juro que pensava que era lenda urbana a existência desses malucos. Lêdo engano, eles são bem reais.

Já era quase 10 da noite quando Raphinha Acioly apareceu e se surpreendeu com minha sagacidade de já estar ali. Fomos jantar e atualizar nossas fofocas acerca do mundo do forró e do show business. O cara é simplesmente o assessor de imprensa mais foda do Brasil. Além de extremamente competente, é uma grande figura e profundo conhecedor do assunto. Você nunca sai de mãos abanando depois de uma conversa com o cara.

Como o assédio dos fãs costuma ser tenso, nem me escalei pra ser apresentado a Joelma e Chimbinha no hotel, fiquei na minha e me enfiei no micro-ônibus dos músicos e roadies, deixando pra conhecer o casal lá no Adelson, casa de shows localizada no Sitio Cercado, onde seria a apresentação. Eu já mais ou menos imaginava o nível de adoração que os fãs alimentam pela banda, mas o que vi no backstage superou todas as minhas mais loucas e absurdas expectativas.

Logo de cara flagrei uma maluca de vestidinho e mini-blusa roxo, grávida de sei lá quantos meses, que tinha viajado mais de oito horas para conhecer o casal. Sentada num sofá, aos prantos, pensei cá com meu chapéu, das duas uma, ou ela morre do coração ou perde a criança. Minutos depois ela sobrevive ao camarim e mostra a todos seu troféu, um macacãozinho de bebê cor de rosa com um autógrafo de Joelma. Um doce pra quem acertar o nome da bebezinha em gestação. Esse mesmo!

Depois foi a vez de um menino, parecido que só a porra com Michael Jackson que tremia tanto que de novo pensei, esse morre. O lazarentinho sobreviveu e também saiu do camarim com seu autógrafo amado, idolatrado, salve, salve. E assim foi sucessivamente, com diversas criaturas surtando, entrando no camarim e saindo mais felizes que filhotes de ganso em taipa de açude. Fiquei com medo de contaminação, quando foi minha vez entrei no camarim com o status tenso mode on.

Pra quebrar o gelo (ou seria melhor dizer, apagar a chama?) já cheguei chegando, estando um beijo em Joelma e desabando no sofá ao lado de Chimbinha. Ao invés de uma entrevista formal, ficamos só de bate-papo. Chimbinha cagando na minha cabeça por eu gostar de tecnobrega, alegando que escutar aquilo lá pior que ressaca de vinho doce. Relembramos a época em que a banda teve seu repertório de um disco inteiro roubado. Perguntei por Edilson Moreno, o homem que me deu o chapéu que enfeita minha cabeça a meses e me despedi batendo uma foto com cada um deles. Era a hora do show.

Logo após a introdução com um solo de guitarra de Chimbinha surge ela. A catarse que Joelma causa na platéia ainda precisa de uma palavra nova que possa descrevê-la. Uns pulavam como se estivesse sendo submetidos a impiedosos eletro-choques, outros choravam araguaias de lágrimas e uns terceiros simplesmente entravam em estato de catatonia. Espremido a poucos metros do palco, pensei que ia ficar surdo, não pelo volume do som que saia das caixas, mas sim pelos berros dos fãs urrando todas as letras de cór e salteado em meus ouvido.

Com o seguro de vida vencido a mais de dois meses, achei melhor assistir o resto do show em cima do palco. É impressionante como Joelma canta, pula, dança, saracoteia, assobia, chupa manga, tudo ao mesmo tempo o tempo todo e sem dar trégua. A mulher só para pra trocar de figurino no camarim, enquanto um cantor faz as vezes enquanto ela não volta, sempre linda e deslumbrante. A performance de Chimbinha dispensa comentários. O melhor guirarrista em atividade no país e que só não saiu ainda na capa da revista Guitar Player porque a crítica cultural brasileira é metida a besta e não dá valor a sua cultura popular.

Quando o show acabou a platéia estava tão exausta que não tinha forças nem pra pedir o bis. Ou não, porque quando soou o último acorde uma turba se engalfinhou em direção à porta que dava acesso ao camarim, na esperança tirar uma última casquinha, com mais fotos e mais autógrafos. Impressionante! O tumulto foi tão grande que, por conta de um segurança filho da puta que não me deixou subir no palco, tive que voltar pro camarim dando a volta por fora do salão.

O resto da noite foi só festa. Mais bate papo com Chimbinha na van da banda, enquanto Joelma atendia outros zilhões de fãs no camarim. Zuação com a cara de duas doidas varridas do fã-clube de São Paulo que tinham me pedido para guardar as bolsas delas enquanto curtiam o show e que não queriam me pacar os cinco Reais que eu estava cobrando pelo exercício da função de guarda-volumes. No fim ficamos todos amigos, peguei carona com eles na van e quase faço Joelma se mijar de tanto rir de minhas notórias palhaçadas e tiradinhas sem noção. Na despedida Chimbinha me mandou um abraço me dizendo que entraria no meu blog. Respondi à altura: "Tudo bem, mas entra devagar pra não arrombar muito". Ainda deu tempo de escutar outra gargalhada de Joelma.

Uma das doidas varridas que me devem R$5,00

Enquanto contemplava a van se afastando em direção ao aeroporto fiquei ponderando a possibilidade de ter acabado de assistir ao show da melhor banda de todos os tempos e de todo o Universo. Rapaz, te juro!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Entenda como funciona o Jabá nas rádios

Pessoal, a matéria que vou postar aqui foi publicada na Revista Playboy em 2006. É bem extensa, mas creio que todo fã deveria ler para pensar duas vezes antes de matar ou morrer por seu artista. E creio que muitos desses volta e meia aparecem aqui para me xingar na caixa de comentários.

TUTINHA
Por Adriana Negreiros

O dono do Pânico é um homem de difícil trato. E uma máquina de fazer dinheiro. Proprietário da rádio Jovem Pan, de um portal de internet, de uma empresa de telefonia e de vários outros negócios (incluindo uma pequena gravadora, a Bacana Records, e a Rádio Daslu, que toca na loja de madames), Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, ou simplesmente Tutinha Amaral, é um sujeito durão, insone e hipocondríaco. Do tipo que vai à farmácia e pergunta quais as novidades do mercado. Ou que, ao deparar com uma funcionária que aparente estar tranqüila, solicita a ela que elabore, em meia hora, um relatório com todas as suas atividades e resultados obtidos. Não é à toa que ele inspirou um ex-funcionário, o comediante Felipe Xavier, a criar o Dr. Pimpolho, personagem que encarna o estereótipo do chefe irritado, mal-educado e explorador - apresentado diariamente na Rádio Mix, concorrente de Tutinha.

Os desafetos não são novidade na vida deste paulistano que não tem papas na língua. O curioso é que quase ninguém fala mal dele publicamente. "Sou o homem mais temido da indústria fonográfica nacional", afirma. Faz sentido. Aos 20 anos, em 1976, quando foi para a Jovem Pan, Tutinha adotou o conceito de FM falada e acabou com o marasmo da programação de sala de espera de dentista. Sua rádio foi responsável pelo lançamento de boa parte das bandas de rock dos anos 80. Hoje ela tem 50 afiliadas no Brasil inteiro e influencia inúmeras rádios pequenas no interior. Junto com as rádios Mix, Transamérica e 89, domina o segmento que mais forma opinião - os jovens das classes A e B. Ou seja, influi decisivamente no que "pega" no mundo da música. Por isso é tão escandalosa a crítica mais recorrente a Tutinha: de que ele cobra jabá (presentes, dinheiro ou vantagens) para que artistas toquem em sua rádio. Ele não nega, embora não goste do termo - prefere falar que é um "acordo comercial". Sem constrangimento, Tutinha diz ter ganhado 1 milhão de dólares por ter lançado a cantora colombiana Shakira no Brasil. Também afirma ter conhecido vários países graças aos pacotes pagos pelas gravadoras de artistas internacionais. Nesta entrevista, ele revela candidamente seu método de escolha dos músicos que tocam na Jovem Pan: "Recebo 30 artistas novos por dia na rádio. Seleciono dez, vou à gravadora e, para aquela que me dá alguma vantagem, eu dou preferência". Além de músicos, Tutinha lançou apresentadores. Luciano Huck começou na Jovem Pan. Adriane Galisteu fez sucesso por lá antes de ir para a televisão. Emílio Surita iniciou sua carreira ao lado de Tutinha, e com ele criou o programa Pânico, inspirado nos talk shows do radialista americano Howard Stern. A lógica: metralhadora giratória que não poupa ninguém, desde o ouvinte até a celebridade mais badalada. A fórmula deu certo. O programa foi campeão de audiência e Tutinha resolveu levá-lo para a televisão. Bateu na porta da Gazeta, do SBT, da Bandeirantes, até que conseguiu um patrocínio da operadora de telefonia Vivo e emplacou na Rede TV!. O programa fez sucesso e foi cobiçado por Silvio Santos. As negociações com o SBT não prosperaram, mas o contrato com a Rede TV! termina em 2007. Tutinha pensa em montar sua própria rede. "Aos poucos, estou colocando o pezinho na televisão", revela. Seria uma espécie de volta à infância. Ele praticamente nasceu dentro de uma emissora. Seu avô, Paulo Machado de Carvalho, foi dono da TV Record. O pai, Tuta, era diretor da rede no auge dos festivais da canção. Ainda criança, assistiu de camarote aos primeiros acordes da turma da Jovem Guarda. Suas lembranças são as de um típico filhinho de papai. Levava os amigos da escola para assistir a Perdidos no Espaço no cineminha da Record. Fazia travessuras com as estrelas da casa e, quando confrontado, lembrava a elas que era o neto do patrão. Ele afirma que aos 14 anos já bebia, fumava, jogava sinuca e, mais importante, transava com as bailarinas da emissora. Aos 15, dirigia um programa infantil e ensaiava suas primeiras incursões pelo besteirol. Tutinha recebeu a repórter Adriana Negreiros para duas sessões de entrevista no escritório da Jovem Pan, na avenida Paulista, em São Paulo. Perto de completar 50 anos, em março, em seu quarto casamento (com três filhos), ele é um vaidoso assumido: na sessão de fotos para PLAYBOY, sua maior preocupação era esconder a barriga. Também é um workaholic assumido. No dia da entrevista, contou que chegara ao escritório às 5 da manhã. Na falta do que fazer, jogou paciência. Agitado, bebeu café, brincou com o celular e despachou, sem muita conversa, uma funcionária que insistia em interromper a entrevista. Ao fim da segunda sessão, recebeu um afago da mulher, Flávia Eluf, retribuído com um forte abraço e um tapinha de leve no bumbum. "Não sou nada do que dizem", defendeu-se. "Sou um puta louco, adoro falar merda." E comprova: "Você sabia que eu já comi dez capas da PLAYBOY? O duro foi engolir os grampos".


PLAYBOY> Você é um dos homens mais temidos da indústria fonográfica do Brasil. Por quê?
TUTINHA> Sou o mais temido, lógico. Sou assim mesmo. Se não tocar na minha rádio, a Jovem Pan, o artista não estoura. E não sou bonzinho. Se a música é ruim, digo para o artista: "Não vou tocar, seu disco é uma porcaria. Tchau e não me amola".

PLAYBOY> Muita gente dizque você é jabazeiro [que cobra jabá].
TUTINHA> Me chamem do que quiser. Na minha rádio tem nota fiscal, tô pouco me danando. O cara para entrar no Fantástico também paga. Jabá é quando você faz ilegalmente na empresa. O que eu faço são acordos comerciais.

PLAYBOY> Que tipo de acordo?
TUTINHA> Por exemplo: hoje chegam 30 artistas novos por dia na rádio. Por que eu vou tocar? Eu seleciono dez, mas não tenho espaço para tocar os dez. Aí eu vou nas gravadoras e para aquela que me dá alguma vantagem eu dou preferência.

PLAYBOY> Que vantagem?
TUTINHA> Se você tem um produto novo, você paga pra lançar. Era isso o que eu fazia. Eu tocava, mas queria alguma coisa. Promoção, dinheiro. Ah, bota aí 100 mil reais de anúncio na rádio. Me dá um carro pra sortear para o ouvinte. Mas hoje não tem mais isso. As gravadoras não têm mais dinheiro. O que pode existir é o empresário fazer acordo. Ah, toca aí meu artista e eu te dou três shows. Ou uma porcentagem da venda dos discos.

PLAYBOY> Isso não é jabá?
TUTINHA> Não. Na Jovem Pan nunca teve jabá. Antigamente as rádios tinham. Quando eu comecei a trabalhar, até me assustava. A Rádio Record ficava junto com a Jovem Pan. Na época, chegava o cara da gravadora e dava dinheiro, walkman, relógio para o radialista. Quando eu entrei, eu pegava essas coisas para a Jovem Pan. Nas outras rádios, os donos não estavam. Eu não tinha interesse em roubar a Jovem Pan. Queria fazer negócio. Antes o rádio era muito amador. Então a gravadora dava uma coisa pro cara, dava mulher.

PLAYBOY> Mulher?
TUTINHA> É, mandava o cara pro puteiro. As gravadoras faziam qualquer coisa pra tocar a música.

PLAYBOY> Alguma artista já tentou fazer sexo com você em troca de tocar a música na rádio?
TUTINHA> Já, mas não vou falar quem foi. Eu estava na minha sala, entrou uma mulher com um vestido, tirou o vestido e disse: "Se você tocar minha música..."

PLAYBOY> E a mulher estourou?
TUTINHA> Não, porque não tocou na Jovem Pan. E eu não a comi.

PLAYBOY> Era bonita?
TUTINHA> Meia-boca. Eu até falei: "Você tem um belo corpo, mas sua música é muito ruim".

PLAYBOY> As gravadoras já te ofereceram absurdos?
TUTINHA > Ah, tudo o que você pode imaginar.

PLAYBOY> Um harém?
TUTINHA> Não, isso não. O que eles faziam era me levar para conhecer os artistas. Mas eu não me vendia por isso. Eles lançavam o novo disco da Gloria Estefan e me convidavam assim: primeira classe, carro com motorista, backstage do show em Amsterdã, junto com o presidente da Sony. Depois um jantar fechado com a Gloria Estefan. E o cara achava que eu tinha que tocar porque tinha tido essa moleza, né?

PLAYBOY> E tocava?
TUTINHA> Às vezes sim, às vezes não. Mas eu fiz muitas viagens assim. Conheci quase tudo. Fiz coisas incríveis. Por exemplo, fui ver o Michael Jackson, sentei na mesa com ele.

PLAYBOY> Você bateu papo com o Michael Jackson?
TUTINHA> Ah, aquela coisa de hello, né? Tinha 8 mil negos lá. Era "my name's Michael, my name's Tuta". E ele me deu aquela mão gigante, branca! Eu tinha muita mordomia. Era assim: "Quer ver o U2? Vamos. E depois a gente vai jantar com o U2". Sempre eles fazem isso. Depois do show, fecham um andar do hotel, convidam rádios de vários lugares do mundo e fazem um lobby. O artista vai lá, fala oi pra todo mundo, a gravadora distribui brindes. As gravadoras tinham dinheiro e eu acho isso bacana, profissional.

PLAYBOY> Como eram essas festas com os artistas?
TUTINHA> Teve uma festa do Julio Iglesias na casa dele, na República Dominicana, cheia de mulheres.

PLAYBOY> Rolava sacanagem?
TUTINHA> Nessa não rolou. Mas às vezes contratavam putas para os radialistas. Já tive propostas desse tipo, mas não aceitei. Não gostava disso. Gostava de primeira classe, hotel campeão, o bem-bom. Já vi tantos shows que hoje não agüento mais ver um. E depois eu tive uma empresa de shows, aproveitando que eu tinha a rádio.

PLAYBOY> Quais artistas a Jovem Pan estourou?
TUTINHA> Tudo. Qualquer coisa que você pensar foi a Jovem Pan que lançou. Madonna, Lulu Santos, Titãs. A Jovem Pan fez a história da FM. Se não tocar na Jovem Pan, tá frito. A Jovem Pan tem o poder de formadora de opinião no Brasil inteiro. É uma referência para as rádios do interior.

PLAYBOY> Lançou as bandas de sucesso da década de 80, como Kid Abelha, Capital Inicial, Ira!?
TUTINHA> O Ira! não. Um ou outro não lançamos. Eu dei uma pisada grande na bola com a Blitz. Quando ouvi a música, falei: "Não vou tocar essa porcaria nem morto". E logo depois era a música mais tocada no Brasil inteiro. Mas em compensação eu acertei os Mamonas Assassinas, que ninguém tocava. Não dá pra acertar sempre. Eu também me ferrei com o Renato Russo.

PLAYBOY> Por quê?
TUTINHA> Numa época a gente fazia o artista cantar "Jovem Pan" no meio da melodia. Então vinha o Caetano Veloso, tinha uma música nova, e cantava "Jovem Pan" no ritmo da música. E uma vez veio o Renato Russo e disse: "Minha música é uma obra-prima e eu não vou falar 'Jovem Pan'". Eu falei: "É mesmo? Então vai pro inferno, vai tocar essa música lá na Transamérica". Eu quase bati nele.

PLAYBOY> E não tocou mesmo?
TUTINHA> Tive que tocar, a música foi um sucesso. E depois eu fiz um show do Legião Urbana no estádio do Palmeiras, em São Paulo. Ganhei tanto dinheiro que saí com a caixa igual à da Igreja Universal, cheia de dinheiro. Outro com quem eu fui malcriado foi com o Zé Ramalho. Ele disse que não ia cantar "Jovem Pan" e eu mandei ele pro inferno. Ele perguntou: "Quem é esse moleque?". Disseram que eu era o dono. Ele veio com um "não, peraí". E eu disse: "Peraí não, some daqui".

PLAYBOY> Com quem mais você brigou?
TUTINHA> Com o Roger, do Ultraje a Rigor. A Jovem Pan foi a primeira a tocar aquela música deles, "quem quer dinheiro, índio quer dinheiro", uma coisa assim. E eu combinei com o empresário de me dar três shows. Muito bem, você quer tocar o Roger? Eu quero três shows de graça e vou fazer promoção para a Jovem Pan. Pois ele estourou e não me deu os shows.

PLAYBOY> O que você fez?
TUTINHA> Parei de tocar. Aí o Roger foi pro Rock in Rio e cantava: "Tutinha, filho-da-puta, Tutinha, jabazeiro". No Maracanãzinho, no meio do show! Aí eu o processei, fomos para o tribunal e ele me pediu desculpas, falou que não teve a intenção. Mas eu nunca mais toquei. Só agora, 20 anos depois, depois que o Ultraje a Rigor praticamente acabou, fiquei com pena e deixei ele tocar.

PLAYBOY> Você tinha um contrato com o empresário do Ultraje?
TUTINHA> Como eu sabia que o artista precisava tocar na Jovem Pan, não fazia contrato. Era uma coisa de boca. Eu vou tocar o seu artista, você me dá o show e tchau. É assim com o Haroldo, empresário do Capital Inicial. Eu toco, quando eu preciso ele me ajuda, quando ele precisa eu dou comercial de graça, se eu preciso de um show, ele me dá. Mas também não fico abusando, não vou pedir dez shows. Hoje a gente tem um relacionamento ótimo com os empresários. Olha, você vai me dar um show da Pitty para um evento da carteirinha de estudante Jovem Pan e eu ajudo na música nova. É assim. Beleza, nada em contrato, tudo na boca.

PLAYBOY> Além da Blitz, que outro erro de avaliação você cometeu?
TUTINHA> A Shakira. Existe uma dificuldade para se tocar música em espanhol no Brasil. Não temos essa tradição. Aí a gravadora falou assim: "Te dou 1 dólar por disco se você tocar a Shakira". Eu falei: "Não vou tocar essa porra". Peguei o disco e joguei em casa. Depois de uma semana eu voltei e ouvi minha filha assim, cantando: "Estoy aquí, queriéndote". Voltei na gravadora e falei: "Aceito o acordo".

PLAYBOY> Deu certo?
TUTINHA> A Shakira vendeu 1 milhão de discos e fizemos 70 shows lotados. Mas ela não era nada. Eu dei um jantar na minha casa para a Shakira e ninguém queria ir. Convidei o Rogério Fasano, o Luciano Huck, ninguém queria ir.

PLAYBOY> E com a Pitty, qual foi a história?A Jovem Pan não quis tocar...
TUTINHA> Porque a gravadora não quis fazer negócio. E com uma música nova a gente tenta fazer algum tipo de promoção, pegar prêmio, pegar coisa para o ouvinte. Eles disseram não e a gente não tocava. Mas ela estourou tanto que tivemos que tocar. Tem horas que a gente tem que dar o braço a torcer. Também não sou birrento. Não vou atrapalhar a Jovem Pan por vaidade.

PLAYBOY> Qual é o segredo do sucesso do Pânico na TV?
TUTINHA> É falar merda. É fazer coisas das quais os outros tenham vergonha. Todo mundo é comprometido, politicamente correto. As TVs são todas amarradas.

PLAYBOY> Você tem alguma participação no que a turma do Pânico na TV ganha em publicidade?
TUTINHA> Eu sou o dono do Pânico. Então eu ganho. O registro é meu. Fui eu que inventei, botei na rádio, fui lutar pra levar pra televisão, fiquei batendo de porta em porta, arrumei o primeiro comercial, dei a idéia. Depois que o programa explodiu, falei: "Não é justo que eu fique ganhando sozinho". Então a gente é meio que uma sociedade em que todo mundo ganha. Todo mundo tem uma participação na renda do programa.

PLAYBOY> Quanto eles ganham?
TUTINHA> Ah, não vou dizer. A Jovem Pan paga o salário deles de rádio e a Rede TV!, de televisão. Mas estão ricos. Ganham 50 vezes mais do que ganhavam um ano atrás. E foi a Jovem Pan que deu essa oportunidade para eles, entendeu?

PLAYBOY> Quanto é 50 vezes mais para o Ceará e o Vesgo, por exemplo?
TUTINHA> Acho que eles ganham uns 200 mil reais por mês, cada um, entre salário, shows e eventos. No paralelo, quem ganha mais é o Emílio, porque é sócio do Pânico. Ele também ganha 20% de cada merchandising.

PLAYBOY> Como vocês escolhem quem vai fazer merchandising no programa?
TUTINHA> O critério é: pagou, levou. Mas a gente aumentou o preço e isso foi selecionando.

PLAYBOY> Como o pessoal do Pânico está lidando com a fama?
TUTINHA> Eles estão deslumbrados. São celebridades, não têm como evitar. Agora nós alugamos um navio e em uma semana vendemos os 250 lugares.

PLAYBOY> O sucesso subiu à cabeça deles?
TUTINHA> Subiu, mas é lógico que sobe. Veja o Mendigo. Era um órfão da Liga das Senhoras Católicas. A minha mãe deu emprego de office-boy pra ele. Todo ano ela dava emprego pra dois órfãos na rádio. Pois o Mendigo agora tem uma BMW e comia a Sabrina. Eu tenho que admirar um cara desses. O cara veio do zero e agora ganha 80 paus por mês. Como é que não vai ficar deslumbrado? Eu acho até que dentro do deslumbre todo eles são pé-no-chão. Mas ficam deslumbrados, óbvio.

PLAYBOY> Todos ficaram assim?
TUTINHA> Menos o Emílio. O Emílio é low profile, mão-de-vaca. Não vai a restaurante, não compra nada. Esse vai ficar milionário.

PLAYBOY> Você é que tem fama de mão-de-vaca.
TUTINHA> Eu sou administrador. Não gosto de jogar dinheiro no lixo. Eu sou da escola de meu pai: não seguro celebridade. O Osmar Santos era o melhor locutor da rádio. Vamos dizer, ganhava 50 mil reais. Vinha aqui a Globo, pagava 100, ele deixava ir embora. Eu sou assim.

PLAYBOY> Você está no quarto casamento. Por que casou tanto?
TUTINHA> Não é o quarto, agora eu estou só namorando. Se bem que a gente mora na mesma casa. Então é casamento, né? Eu casei várias vezes e tive várias namoradas. Eu sempre tenho alguém. Mas não fico num casamento destruído. Pago o que tenho que pagar, arrumo outra e vou ficar com ela.

PLAYBOY> Você completa 50 anos em 2006.
TUTINHA> É, que merda, né? Uma bosta isso. Se bem que agora eu estou Glauco [personagem de Edson Celullari em América]. A Flávia tem 36 anos e está me transformando no Glauco. Agora conheço a marca Doc Dog, estou usando mais jeans e tênis. Estou até me sentindo mais moço.

PLAYBOY> E essa mancha que você tem na testa, o que é?
TUTINHA> É um sinal de nascença. Mas eu odeio essa mancha, porque aonde vou as pessoas me perguntam se eu bati a cabeça na parede. Principalmente criança. Eu sempre digo que uma pomba passou e cagou na minha cabeça.

PLAYBOY> Tem alguma complicação?
TUTINHA> Ela tem um tipo de raiz e eu tive dor de cabeça. Fiz uma tomografia e foi verificado um tumor, mas não maligno. Aí eu fui pra Boston, operei, o cara falou que eu devo ter nascido com isso e ficou por isso mesmo. Não tirou. Só fez radioterapia pra não crescer.

PLAYBOY> Uma das histórias a seu respeito é a de que você é durão e estressado. Você já demitiu muita gente?
TUTINHA> Já, muita gente. Teve uma pessoa que ficava aqui na rádio e eu sempre perguntava a que horas ele chegava. E ele nunca chegava na hora. Então resolvi mandar ele embora. Eu disse: "Você está despedido!" E ele: "Mas eu sou ouvinte". O cara não chegava um dia na hora, eu achava que era da promoção. Era um moleque folgado pra cacete, sentava na mesa.

PLAYBOY> Você é o Dr. Pimpolho, o personagem criado pelo Felipe Xavier?
TUTINHA> O Felipe Xavier é uma pessoa muito difícil, complicada. Tudo era advogado, um saco. Aí fiz a besteira de dar um programa pra ele às 6 horas [Selig, um programa de notícias]. O programa era horrível, uma porcaria. Eu tirei e ele ficou com raiva. Aí ele saiu e brigou porque eu tinha um contrato que era assim: quando ele saísse da Jovem Pan, o Homem Cueca não podia ser feito em outro lugar durante um ano. O que é normal, já que o programa estourou aqui. Ele ficou com raiva e fez o Dr. Pimpolho. Às vezes eu escuto e até acho parecido, às vezes, não.

PLAYBOY> Você foi tomar satisfações com ele?
TUTINHA> Não, tô pouco me lixando. Até gosto. Hoje em dia o Felipe é um zero à esquerda. É um burro, porque fechou a porta da maior rádio do Brasil. Onde ele vai trabalhar, me fala?

PLAYBOY> Você tem medo de perder sua equipe para outra emissora?
TUTINHA> Não tenho medo. Porque o bom é o Emílio e esse não sai. Ele tem história com a Jovem Pan, trabalha aqui há 20 anos. Ele é o preocupado. Não adianta a Globo pegar o Ceará, não adianta. O bom é o Emílio. Os outros estão levando a vida na flauta, fazendo show, e ele tá aí. Eu tenho certeza de que sem o Emílio eles não fazem sucesso. Se levarem o Vesgo e o Ceará, dura pouco, como duraram pouco os caras da MTV que foram para a Globo. O Emílio, não. Ele está aqui todo dia, até as 4 da manhã, pra editar o programa. É um cara de caráter, o que é difícil hoje em dia, principalmente nesse meio.

PLAYBOY> A Mariana Kupfer trabalhou no Pânico na rádio e agora é alvo das brincadeiras do programa.Qual é a história de vocês com ela?
TUTINHA> A Mariana Kupfer é um zero à esquerda. Se achava a gostosona e por isso uma vez veio aqui pedir trabalho. A gente tinha uma história de colocar sempre uma patricinha que servia de escada para os caras zoarem. Ela quis fazer esse papel e por causa dele foi convidada para a Casa dos Artistas. Por causa desse papel, lançamos um CD dela que vendeu 40 mil discos. Quando ela voltou pro Pânico, depois da Casa, estava se achando e começou a se sentir ofendida. Aí teve alguns pegas no programa e aceitou um convite do Otávio Mesquita para ir pra TV. E foi sem me dizer tchau. Eu tinha ajudado a Mariana, que não era nada. Vinha aqui me puxar o saco, me dizer que eu era um gênio. Depois que o Pânico na TV estourou, ela voltou a me rondar. Entrou na minha sala e disse: "Nossa, querido, que saudade". Eu odeio falsidade. Saudade o cacete. Disse: "Tchau, vá embora, some daqui". Se a pessoa me sacaneou, até logo.

PLAYBOY> O Pânico não exagera?
TUTINHA> Várias vezes. O cara estar no telefone e você ir lá abaixar a calça dele não dá, né? Também odeio coisas escatológicas. A gente faz reunião, porque eles são um bando de porras-loucas sem limites.

PLAYBOY> Como na vez em que a Sabrina Sato masturbou um porco?
TUTINHA> Essa foi horrível, passei uma semana sem dormir. Dei um puta esporro quando acabou o programa. Essa é uma das piores.

PLAYBOY> Você interfere no conteúdo do programa?
TUTINHA> Eu estou sempre ponderando que o excesso não é necessário. No começo eu era super contra fazer brincadeira com anão. Eu falei: "O que vocês querem agora? Imitar o Ratinho?" Aí eu vi que o anão estava ganhando grana, sendo reconhecido, e mudei de opinião.

PLAYBOY> Desde quando você gosta de besteirol?
TUTINHA> Meu avô era dono da TV Record. Desde pequeno eu vivi em televisão, comecei a trabalhar com 15 anos. Fazia a direção de um programa infantil chamado Setinho e todo mundo ficava me instigando a fazer sacanagem. O apresentador, que era o Durval de Souza, gostava de falar perto da lente. Eu botava a câmera lá no fim do estúdio, o mais longe que desse, e punha o zoom grande. Ele vinha falando perto e a cara dele ficava inteira distorcida. Ele queria me matar, mas eu era neto do dono e sempre tinha mais uma chance.

PLAYBOY> Você tinha outras vantagens?
TUTINHA> Ah, eu fazia umas coisas como levar todos os meus amigos para ver Perdidos no Espaço no cineminha da Record. Lotava o cinema de amigos da escola, pedia pizza e Coca-Cola pra todo mundo. Eu fumava, bebia. Adorava aquele ambiente de televisão. Ia no balé, era louco pelas bailarinas. E pegava um monte delas! Era neto do dono, né?

PLAYBOY> A TV Record já foi da sua família e hoje pertence a outros donos.O que você acha da programação atual?
TUTINHA> Uma bomba, com aqueles bispos falando. A Record era mais divertida. Tinha umas coisas assim: uma propaganda ao vivo em que uma garota aparecia tomando uma bebida. Os caras faziam xixi na garrafa e ela tinha que beber, sem perder o rebolado. Eu vivi muito coisas assim porque minha família praticamente começou com o Assis Chateaubriand a televisão no Brasil.

PLAYBOY> E as celebridades da época, você convivia com elas?
TUTINHA> Meu pai fazia parte da equipe A da TV Record na época dos festivais da Jovem Guarda. E eu ia com ele para a televisão. Então tenho fotos sentado no colo da Elis Regina e da Hebe. Eu sempre tive essa mordomia de ficar no meio dos artistas.

PLAYBOY> Quando você começou a levar a televisão a sério?
TUTINHA> Quando eu tinha uns 18 anos, meu pai comprou a Jovem Pan dos ir mãos. Eu não fui logo para a rádio. Fiquei no lugar do meu pai na Equipe A. Então dirigi o finalzinho da Família Trapo, fiz um programa com a Hebe Camargo e a Elizete Cardoso e outro com os Secos e Molhados. A Hebe é minha amiga até hoje. Nessa época eu comecei a levar as coisas a sério. Fiz até novela.

PLAYBOY> Que novelas?
TUTINHA> Eu ajudei o Antunes Filho a fazer umas novelas que não tiveram sucesso nenhum. Eu também fiz uma com o Cassiano Gabus Mendes.

PLAYBOY> Quando você entrou na Jovem Pan?
TUTINHA> Meu pai me chamou pra montar a FM no rádio. Já existia um conceito de FM, mas era FM de dentista, aquela rádio só musical. A gente fez uma rádio misturada. Tocava Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, tudo. Explodiu. A gente acertou logo de cara.

PLAYBOY> Quem eram os artistas brasileiros que tocavam na rádio?
TUTINHA> Na época, o forte era bossa nova. Tinha também a Elis Regina, o Jair Rodrigues, o Trio Mocotó. A rádio ia acompanhando as tendências. Eu levei os artistas da televisão para o rádio - a Hebe Camargo, a Cidinha Campos, o Roberto Carlos.

PLAYBOY> E os estudos?
TUTINHA> Eu já tinha largado a Faculdade de Comunicação Social. Eu trabalhava muito, fazia a Hebe, tinha que ir ao ensaio, depois à noite tinha que fazer o programa. Não tinha tempo para estudar e não gostava.

PLAYBOY> Quando saíram os artistas e entraram os locutores?
TUTINHA> A rádio Cidade, do Rio de Janeiro, foi a primeira a pôr os locutores. Tinha locutores famosos no Rio e, quando ela entrou, derrubou a Jovem Pan em São Paulo. Aí foi a primeira vez que eu tive que mudar. A rádio ficou mais jovem para combater a rádio Cidade. Tirei os caras de lá e a gente voltou à liderança. Foi aí que eu criei um personagem, o Mike Nelson. Foi um sucesso. Só falava besteirol.

PLAYBOY> Por que inventar um nome?
TUTINHA> Eu não ia falar meu nome porque tinha vergonha. Depois eu criei o Djalma Jorge. Eu falava "I love you, mina", soprava no microfone. Teve um programa que eu adorei: a gente punha efeito de abelha e passava o tempo inteiro fingindo tentar matar a abelha e não acontecia nada. A gente quebrava o estúdio inteiro fingindo que tinha uma abelha. Éramos uns loucos.

PLAYBOY> Essas idéias foram aproveitadas no Pânico?
TUTINHA> Tem muitas coisas. O Emílio Surita fazia a narração do Homem Oferta. Ele falava: "E agora vamos visitar aquele monstro, aquele assassino, na cadeia, que está preso, ele que matou a própria mãe e comeu a perna da filha, o Homem Oferta!" Aí fingia entrar na jaula com aquele barulho de corrente, aquela coisa horrorosa. E perguntava: "Homem Oferta, é verdade que você comeu a sua própria mãe?" E ele respondia: "Ventilador Arno, em duas prestações de 4,80". Puta besteira de idiota, mas a gente cagava de rir. O jeito do Emílio falar hoje é o mesmo do Djalma.

PLAYBOY> O contrato do Pânico com a Rede TV! termina em 2007. Vocês vão mudar de emissora?
TUTINHA> Pretendemos procurar uma situação melhor para o Pânico. O grande problema da Rede TV! é que não dão condições para o programa melhorar. Botam comerciais em excesso, muito merchandising e não dão condições. Para mandar os caras para a Copa, a gente tem que pagar.

PLAYBOY> O Vesgo e o Sílvio vão para a Copa com o dinheiro do Pânico?
TUTINHA> É, você acha que tem cabimento? Esse é o ponto fraco da Rede TV!. O Amilcare [dono da Rede TV!] e o Marcelo Carvalho [presidente da emissora] estão cometendo um erro. Deveriam dar mais dinheiro para o programa. Não dá pra ficar só indo a festas. Tem que ir pro Oscar, pra Fórmula 1. Na Globo a gente estaria fazendo isso, né?

PLAYBOY> A TV Globo é o sonho de consumo?
TUTINHA> Não, o sonho é o filme do Pânico. A Disney e a Fox já demonstraram interesse. A gente quer licenciar produtos, fazer teatro.

PLAYBOY> A audiência do Pânicojá chegou a 15 pontos no Ibope, e hoje anda pelos 6. O programa está perdendo o fôlego?
TUTINHA> Urubu negro é só o que tem. Se o Pânico continuar igual, vai ser um programa igual a qualquer outro. Você vê o Casseta e Planeta. Ninguém mais fala dele, fala? E está lá, não está? Se o Pânico mantém uma média de 6, 7 pontos de audiência com qualificação AB, nunca mais se acaba. É que nem a Hebe. Mas, é óbvio, se não fizer nada de novo, dança. O Pânico vai ter que se coçar. É que hoje, depois que estourou, a imprensa já fica um pouco contra. No começo, quando era uma coisa fracassada, era bárbaro.

PLAYBOY> É difícil manter o vigor dos primeiros programas?
TUTINHA> É duro porque a Rede TV! não dá recursos. É o maior programa da emissora, o maior faturamento, levantou o prestígio. Tinham que dar tapete vermelho pro Pânico.

PLAYBOY> Você estendia tapete vermelho para os artistas, quando tinha a produtora? Atendia muitas exigências?
TUTINHA> Sim. Principalmente dos brasileiros. Americano é muito profissa. Ele fala: quero 20 garrafas de água Perrier, 30 toalhas brancas, mulher. Alguns querem drogas e só. Mas brasileiro é over, quer suíte presidencial que não pode ter o tapete marrom. O Caetano Veloso gostava de terminar o show e ter um jantar pra ele. A gente armava, ele convidava os amigos.

PLAYBOY> Quem pedia drogas?
TUTINHA> O Ramones. A gente alugou o hotel Maksoud, em São Paulo, e um cara do Ramones não trouxe mala. Viajou com a roupa do corpo e passou cinco dias com a mesma roupa. Ele entrava no quarto e pedia marijuana. A mim dava medo. Mas essa não era minha parte, eu tinha outros sócios. Eu era responsável pela iniciação do negócio, arrumar o artista. E eu tinha mais facilidade de conseguir o artista porque tinha rádio. Entrava e falava com o presidente da gravadora, falava que ia tocar o disco.

PLAYBOY> Dizem que você ganhou uma moto Kawasaki pra divulgar o disco Faith, do George Michael.
TUTINHA> Mentira. Essa moto eu ganhei de presente do meu pai. Ah, todo mundo fala mal de todo mundo.

PLAYBOY> A internet diminuiu o poder das rádios?
TUTINHA> Nada é mais forte do que a rádio para música. Nem a Globo. Só rádio faz a música estourar. Você não vê o Fama? O cara vai lá, uma puta audiência, e cadê aqueles caras?

PLAYBOY> Cadê?
TUTINHA> Não emplacam porque para isso eles têm que fazer acordo pra tocar na Jovem Pan. Não fazem, não estouram. Nunca me procuraram, nunca estouraram. Por exemplo, o Rouge. Fez acordo para a Jovem Pan aparecer no programa deles do SBT. Era um acordo comercial que não envolvia grana, mas aparições na televisão, mostrar a rádio, coisas assim. E o Rouge explodiu. Depois não foi feito acordo com o Broz e o Broz não deu em nada. Além da rádio, só a novela influencia. MTV é zero.

PLAYBOY> Quem são os músicos que você admira?
TUTINHA> Eu gosto de música brasileira. Bossa nova, João Gilberto. Do Tom Jobim eu gosto pra cacete.

PLAYBOY> E da moçada nova?
TUTINHA> A música brasileira de hoje é um lixo. É uma música que não vai fazer história. Que história vai fazer o CPM 22, me fala? O Charlie Brown?

PLAYBOY> Por que não?
TUTINHA> Porque é uma música temporal, que combina com a idade do moleque. A letra não é forte, não tem sentimento. "Ah, vou fumar maconha, vou rasgar a calça, vou comer a mina, vou cuspir na cara, vou dar o cu na esquina". É isso aí, com raras exceções, como o Rappa e o Marcelo D2. Mas a maioria das músicas é feita por produtoras com o objetivo de vender discos. Eu acho lamentável, mas tenho culpa nisso porque não dou oportunidade para novos gêneros.

PLAYBOY> Esses músicos que você citou - CPM 22 e Charlie Brown Jr. - tocam na sua rádio?
TUTINHA> Todos. Eu sou uma pessoa que não tem opinião. Pra mim, que tenho o objetivo de ser o primeiro lugar, não adianta saber se eu gosto. Eu tenho que saber se faz sucesso. Se eu vou ver o show de Sandy & Junior e vejo lá o público da rádio, até penso em tocar na Jovem Pan. Eu sou treinado para isso. Quem tem muita opinião não consegue fazer a coisa comercial. Mas eu gosto do Charlie Brown. Só acho que é uma música que não fica.

PLAYBOY> E quem vai fazer história?
TUTINHA> Deixa eu pensar. Gostei do primeiro disco da Maria Rita, mas o segundo é um lixo. Pra ser sincero, eu acho esse segundo disco da Maria Rita uma bomba. Também ela é meio boba. O que tem de melhor é a mãe e devia regravar algumas coisas da Elis. O artista demora pra sacar que se ele não tem uma música boa ele não estoura. Começa a achar que é bom e grava qualquer coisa. A Maria Rita fez um disco de merda e não vai vender.

PLAYBOY> Na época do boom do axé, como era a relação da Jovem Pan com as bandas baianas?
TUTINHA> A Jovem Pan tocou axé e a Bahia inteira desceu aqui pra tocar.

PLAYBOY> Tocou É o Tchan?
TUTINHA> Não, mas tocamos Netinho, Ivete, Banda Eva e Banda Mel. Depois a gente achou que a rádio caiu e podia ser o axé. É que essa rádio é conceito, sabe? Por exemplo, a molecada gosta de samba. Mas a gente acha que conceitualmente tocar Inimigos da HP, por exemplo, atrapalha a rádio. Então a gente prefere tocar rock, house e música brasileira e não arriscar a audiência.

PLAYBOY> Mesmo que os acordos comerciais sejam ótimos?
TUTINHA> Não tem acordo pra coisa que a gente não gosta. Pode vir aqui, mandar 200 mil dólares pra tocar e a gente não toca, não adianta.

PLAYBOY> Como vai a Bacana Records, sua nova produtora de discos?
TUTINHA> Estamos fazendo alguns acordos com a Trama. A Trama é uma gravadora de artistas novos, mas falta o lado comercial lá dentro. Não adianta o cara ficar fazendo o disco do Max de Castro se não botar música comercial. Lança 20 discos e ninguém ouve. O cara tem que ser esperto. Pode até perverter um pouco, entendeu? O Seu Jorge, esperto, gravou Chico Buarque e entrou.

PLAYBOY> Parece que você é muito amigo do Milton Neves...
TUTINHA> Não sou. Nunca fui. Vamos falar a verdade? Acho o Milton Neves de quinta categoria. Bota aí que eu meti o pau nele. Ele é um canalha.

PLAYBOY> Mas as declarações dele sobre você são muito elogiosas.
TUTINHA> As pessoas falsas são assim. Estão te sacaneando por trás e falam bem de você. Profissionalmente eu o respeito e admiro, mas ele é é um injusto. Entrou com uma ação contra a Jovem Pan depois de ter trabalhado anos aqui.

PLAYBOY> Por quê?
TUTINHA> Por causa de nada [irritado]. Meu pai ajudou o Milton Neves do zero. Ele deve todo o sucesso ao meu pai. E ele foi muito sacana, entrou com uma ação trabalhista ridícula. Meu pai deu força, deu os melhores horários pra ele trabalhar. E ele virou as costas e sacaneou meu pai. Como vou gostar de um cara desses? Ele ganhou muito dinheiro, está muito rico, não precisa de ação. E ele já era, vai se ferrar, porque aqui se faz, aqui se paga.

PLAYBOY> Você tem muitos inimigos?
TUTINHA> Não que eu saiba. Deve ter muita gente com inveja de mim.

PLAYBOY> Você já se deu mal por esse seu jeitão curto e grosso?
TUTINHA> Já. O Rubens Barrichello não ganhava nenhuma corrida, só chegava em segundo, e eu fiz uma música assim: "Sempre atrás do alemão. É o Rubinho!" Essa música foi um sucesso estrondoso, todo mundo cantava. Aí eu estava em São Paulo, no Parque do Ibirapuera, e de repente vi o Rubinho correndo na minha frente. Quando eu vi, pensei: ele vai me encher de porrada.

PLAYBOY> E encheu mesmo?
TUTINHA> Eu virei e saí fora do Rubinho. Aí um mês depois ele processou a gente em 100 mil dólares. Eu fiz uma besteira, que foi pegar essa música e botar no CD da revista. O juiz se chamava Ferrari [risos]. Aí a gente se acertou, pagou o valor em obras de caridade no nome do Rubinho. Uma outra vez eu o encontrei, falei com o Rubinho e ele me deu as costas. Puta, fiquei com uma vergonha do cacete naquele dia.

PLAYBOY> O Luciano Huck declarou que você é ótimo, até a hora em que pisam no seu calo. O que é pisar no seu calo?
TUTINHA> É tipo assim, o Jota Quest. O empresário deles se chamava Chantilly e me prometeu um show em Maresias. Eu montei um estande de verão em Maresias, no litoral de São Paulo, vendi o patrocínio. E ele fez um show com a rádio Mix em frente ao meu estande. Por isso eu não toco o Jota Quest.

PLAYBOY> Você teve prejuízo financeiro?
TUTINHA> E moral. Eles que se danem! Ou eles me pagam o prejuízo que eu tive, me dão o show, ou eu não toco. Eu não sou de brigar, mas se o cara faz show com uma rádio concorrente, então que vá pedir para aquela rádio tocar, vá para o inferno. Agora eles estão sofrendo, porque não tocar na Jovem Pan é muito grave, acaba com o artista. Eu tenho pena? Tenho. Mas eles têm que me ressarcir. A Ivete Sangalo também fez parecido.

PLAYBOY> O que a Ivete fez?
TUTINHA> O Jesus, o irmão dela, se comprometeu a fazer show comigo. Botei anúncio na rádio, no jornal, um dia ele me ligou e disse: "Não vou fazer". Como a Ivete é muito poderosa, ela acha que pode fazer isso. Mas um dia é da caça e outro é do caçador. Ela é um amor, apesar do irmão, que eu odeio. A Ivete namorava o Luciano Huck, a gente ia jantar, eu gosto dela. Mas o irmão é de quinta categoria e um dia vai prejudicar a carreira dela. Ela que abra o olho.

PLAYBOY> Muitas pessoas já tentaram prejudicar sua carreira?
TUTINHA> Houve uma época em que as gravadoras quiseram acabar com essa história de dar prêmio ou dinheiro para as rádios tocarem as músicas. Porque o negócio estava generalizado, todo mundo queria um carro, uma viagem, uma camiseta. Então as gravadoras resolveram acabar com a Jovem Pan, porque a Jovem Pan é a mais forte. Então eu parei de tocar as músicas de todas as gravadoras.

PLAYBOY> E tocou o quê?
TUTINHA> Eu fiquei sócio de um amigo na gravadora Paradoxx e só tocava essa gravadora. A rádio foi para o primeiro lugar e a Paradoxx foi a que mais vendeu discos naquele ano. A gente tocava dance. Aí as outras gravadoras desistiram da briga e voltaram.

PLAYBOY> Você é rico?
TUTINHA> Eu sou. Eu ganho dinheiro, sou um cara de idéias, montei sete negócios. Tenho a Revista Jovem Pan, uma empresa de telefonia, o portal Vírgula, a Carteira de Estudante. No ano passado vendi quase 150 mil carteirinhas. Faço shows, faço eventos.

PLAYBOY> Quais são seus luxos?
TUTINHA> Veleiro e viagens. Trabalho 40 dias e viajo dez.

PLAYBOY> Gosta de carros?
TUTINHA> Gosto de todos os luxos. Que homem não gosta de carros?

PLAYBOY> Qual é o seu?
TUTINHA> Um Corolla [risos]. Mas eu tenho um BMW e um Porsche.

PLAYBOY> Você tem algum plano para o futuro?
TUTINHA> Entrar na TV. Eu fico animado porque o Roberto Marinho montou a Rede Globo com 60 anos. Eu sou uma pessoa ambiciosa.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Forró do Muído & A ponta de durex perdida

Sabe quando você perde a ponta do Durex e fica rodando pra achar de novo? É assim que eu enxergo o Forró do Muído hoje. O negócio já vinha desandando e, depois que tiraram Binha Cardoso pra colocar aquele cantorzinho imaturo (cujo nome me recuso citar), vi o fim do túnel sem nenhuma lamparina acesa pra banda. Ainda bem que essa besteira foi desfeita e a esperança foi reacendida no meu coração muideiro.

look de Simone, o símbolo da mudança do Forró do Muído

Só que não adianta trazer de volta o amigo Binha e continuar na mesma linha recente de banda de forró pop, que vinha sendo construída, que jogou a característica e originalidade da banda pela janela. Pensei que, junto com ele, voltariam as músicas românticas, de pé-de-serra mesmo, aquelas que fizeram do Muído a banda de 2008/2009. Daí me aparecem com uma música sob o título de “Frajola e Piu-Piu”. Poxa, aquela do “Ei, quer casar comigo? Eu sei fazer miojo e ovo mexido!” ainda nem desceu e me enfiam essa música de goela abaixo?


Eu sei que a irreverência, alegria e brincadeira também fazem parte da característica da banda, mas daí a ser música de trabalho, são outros quinhentos.

Pra ilustrar melhor minha opinião, vou apresentar um exemplo simples, chamado Simone Mendes. As mudanças no visual e em sua postura no palco são o verdadeiro retrato de como o Forró do Muído perdeu-se no caminho de sucesso que vinha construindo. Eu ainda peguei o tempo de ela usar calça apertada, dançar até o chão, provocar os fãs com olhares... por aí. Hoje, eu não enxergo mais isso nela. Está comedida, parece uma bonequinha, usando saiazinha, blusinha... muito “inha”. Gostava dela mulherão, que chegava chegando. Não sei se foi depois do casamento, ou se foi Simaria que quis transformá-la numa irmã gêmea, o fato é que algo ocorreu e ela se tornou o retrato da mudança do Muído.

Ainda fico feliz por enxergar que estão buscando uma melhora. Ruim mesmo seria se entregassem os pontos. Na minha humilde opinião, o caminho não é chamando Bina, nem fazendo Miojo; o caminho é por “Você Vacilou”, “Será”, “Tente Entender”. Essas são as músicas cujo DNA é o mesmo daquelas de antigamente, que fizeram muitos se se encantarem e acompanharem a banda, como eu. E espero que ainda exista paixão nos olhos e no coração das irmãs Mendes toda vez que elas subirem ao palco ou entrarem num estúdio. Espero mesmo.

Texto escrito por Janny Laura, a melhor resenhista de forró do Brasil
@JannyLaura

domingo, 16 de outubro de 2011

Michel Teló - O Polaco Muiguezão

Hoje o cantor Michel Teló disse em seu perfil do Twitter que a música "Ai se eu te pego" estava a três semanas como a mais tocada no país. Casualmente eu tinha acabado de ver no site Hot100Brasil que a liderança estava com Gusttavo Lima e sua "Balada". Na hora rebati o galeguinho dizendo que era mentira, que na verdade ele estava em segundo lugar. Pois não é que rapaz me respondeu da seguinte forma, vejam com seus próprios olhos o print da mensagem dele:
Como tenho meus contatos, consegui uma cópia em PDF do relatório semana da Crowley, uma segunda avaliação para corroborar a informação do Hot100Brasil. Deu a mesma coisa, Gusttavo Lima na frente de Michel Teló.


Mas sabem o que é mais impressionante? Michel me bloqueou no Twitter. Se eu tivesse feito uma crítica de seu trabalho - e já fiz isso em outros carnavais - eu até entenderia o bloqueio, mas eu só fiz corrigir uma informação errada! Quando ele implodiu o Grupo Tradição para se lançar em carreira solo, cantei a pedra que Luan Santana, na época virtualmente um moleque desconhecido, tornaria-se maior que ele, acabei sendo profético. Será que cabe aqui a profecia de que Gusttavo Lima construirá uma carreira mais sólida que Michel Teló a longo prazo?

sábado, 15 de outubro de 2011

Mais um Pé na Jaca no mundo do Tecnobrega

A cena do tecnobrega em Belém do Pará foi sacudida nesse fim de semana por uma mensagem ofensiva postada no perfil no Facebook do cantor Bruno Mafra (Bruno e Trio). Que o ritmo é vítima de preconceito por uma certa parcela da elite local, já é conhecimento geral. Ocorre que a mensagem foi postada pela principal articuladora do DVD Movimento Tecnomelody Brasil, lançado pela Som Livre, com a presença de vários artistas do segmento. Como podemos observar, foram palavras duras:

(...) Seria ótimo que vc viesse justar suas contas com Bis. Me envergonho com Rosalina e Ronaldo por tê-lo trazido pra cá. Me envergonho pelo golpe generalizado que vcs artistas de melody deram em nós e na Som Livre. Me envergonho da classe artística que vcs fazem parte. Me envergonho de tanto mau caratismo e. Me arrependo de um dia ter acreditado que vocês poderiam ser alguma coisa. Tenho asco da forma como se comportaram. Quero esquecer que um dia passaram na minha vida deixando uma mancha imunda e fedorenta. Até nunca mais! (...)

A reação de indignação de quem trabalha no meio ou aprecia o tecnobrega foi imediata e em poucos instantes centenas de pessoas se manifestaram na rede social. A autora da frase alega que seu perfil foi hackeado e que está sendo vítimas de pessoas mal intencionadas. De uma forma ou de outra, o estrago já foi feito e serviu para que as bandas envolvidas no projeto do DVD se unissem para, num primeiro instante, cobrarem uma retratação por parte da Bis Entretenimentos e depois se possível, a revisão do contrato draconiano que assinaram com a empresa.

Essa história tinha tudo para dar errado porque já nasceu errada em sua premissa inicial, que era a exploração comercial do tecnobrega diante do iminente estouro nacional, enquanto o óbvio ululante seria um trabalho de aperfeiçoamente artístico, posto que o ritmo se desenvolveu nas ruas em meio ao caos da produção caseira e da pirataria. Um bom exemplo do que deveria ter sido feito é o festival Terruá Pará, que coincidentemente foi citado ontem em reportagem no jornal da Globo, pelo crítico e agitador cultural Nelson Motta.

Está mais do que na hora que a "elite cultural paraense" passe a enxergar com outros olhos a cultura produzida pelo seu povo. Esse filme já foi visto antes, com o carimbó e a guitarrada. A música paraense - e o tecnobrega é parte intríseca dela, queiram ou não - está com a faca e o queijo para ser a tábua de salvação da catatônica Musica Popular Brasileira e não é justo não só para com o povo paraense, mas para o Brasil como um todo, que esse trem da história seja perdido.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

"Eu te amo e Open Bar" de Michel Teló em versão Eletromelody da Gang do Eletro

Só que ao invés da original do galego, essa tem letra. Clique e baixe já. A original nem foi lançada oficialmente, mas os paraenses mais rápidos do gatilho da amazônia já fizeram sua versão.



A Gang do Eletro demonstrando que pra eles não faz a mínima diferença que o show seja no auditório do Ibirapuera, no Studio SP da Rua Augusta ou na carroceiria de caminhão em um balneário qualquer do Amazonas pra duas pessoas. Ela manda ver!


Abaixo a original. Qual ficou melhor?

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

DVD Tô de Férias -A bela e emocionante Fênix do Grupo Tradição


A fênix é um pássaro da mitologia grega que, quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas. Não sei se o guitarrista Wagner Pekois - único remanescente da formação original - sofreu alguma espécie de queimadura grave, mas ele segurou as pontas depois que todos os outros membro do Grupo Tradição picaram a mula, repetindo a atitude de Michel Teló. A banda foi reduzida a cinzas mas ele persistiu, escalou uma trupe de jovens músicos e eis que a banda ressurge das cinzas, mais bela e mais forte do que antes, calando a boca de muita gente que tinha decretado seu fim.


Tal decreto não era de todo sem fundamento. O Tradição tinha mais de uma década de carreira, praticamente com a mesma formação desde que era uma banda do circuito dos bailes, tocando por horas a fio. O carismático cantor Michel Teló era a própria imagem da banda. Tanto que logo após ele sair, eles fizeram uma mini turnê pelos Estados Unidos e foram hostilizados por desavisados que pensavam se tratar de uma fraude.

Só que a persistência dos dois Wagners - o guitarrista e o empresário Wagner Braga Hildebrand, criador da banda - aos poucos foram gerando frutos. Primeiro descobriram na banda gaúcha Os 4 Gaudérios dois irmãos extremamente talentosos, o cantor Guilherme e o baterista Leonardo. Do grupo sul matogrossense foram recrutados o sanfoneiro Jefferson e o baixista leandro. Com o percussionista Marcio, fecharam a formação e sairam em turnê pelo sul do país, aperfeiçoando o repertório e a sinergia do grupo.

Foram dois anos de tentativa e erro, os dois discos que lançaram de lá pra cá eram indecisos e irregulares, mas mostrava uma banda em busca da redescoberta de sua própria identidade. A gravação do DVD no primeiro semestre era a prova e provavelmente a última chance de voltarem a serem uma banda relevante no competitivo e saturado mercado atual da música sertaneja. Era tudo ou nada. E eis que essa semana lançam o DVD, intitulado Tô de Férias, gravado no Balneário de Camburiú e surpreenderam até os mais céticos. Enquanto a maioria dos artistas sertanejos adotaram um comportamento de manada, reproduzindo fórmulas em prol do sucesso fácil, o Tradição buscou em si o que os diferenciava do resto todo.


Já na faixa de abertura, evocam no ouvinte aquela saudade dos antigos discos que ele nem lembrava mais que sentia. Um ritmo contagiante, dançante que invoca a alegria e a festa. Logo em seguida emendam dois hits certeiros, o recente "Ingrata" que teve boa execução nas rádios locais e "Barquinho", sucesso do tempo de Michel Teló e que foi trilha da novela global América. A sequência de inéditas que se segue é irretocável, com o Tradição fazendo o que sabe de melhor, apartir da sanfona criada à base de chimarrão gaudério do vanerão, a inserção de elementos de axé, do forró e até de arrocha.

Eles conseguem soar tradicionais e modernos ao mesmo tempo, sem em momento algum soar forçado. A prova mais cabal são os dois pot-pourri que sucederam o lindíssimo dueto com a cantora Amannda na música "Eu tenho você". Primeiro dois modões de raiz que explicita o domínio técnico dos músicos, que a exceção de Pekois, todos com menos de 20 anos. Depois uma micareta com introdução de uma vinheta eletrônica, a cargo do DJ paulista, atualmente residindo em Uberlândia, Minas Gerais, Dan Rocha.

O segredo para que a peteca não caia nunca durante o show está na definição da sequência do repertório. Por exemplo, depois dessa ousada micareta eletrônica, um classico do antigo repertório "Eu tô bebendo todas" e depois mais inéditas, sempre intercalando dançantes com românticas. Do segundo caso "Beijo na chuva" com participação do novato Jairinho Delgado já nasce clássica. Sobre as participações cabe uma observação, eles não chamaram nenhum figurão para impulsionar as vendas, pelo contrário, Amannda, Jairinho e Felipe moro ainda não são conhecidos do grande público.


Os Pot-Pourris parecem que são mesmo uma das especialidades do Tradição. Mais uma vez eles se superam, primeiro resgatando dois clássicos da dupla Leandro & Leonardo: "Temporal de amor" e "Você vai ver" para depois atacar de "Moda de Bailão" e "Barulho da sanfona", musicas de bailão capazes de mover estátuas.

Quando o show se encaminha para o final, a grande supresa da noite. E não é que o baterista Leonardo também compões e canta bem? O reggaezinho "Te espero", composto com Jeffinho, o "Sanfoneiro Cachorrão", tem potencial pra emplacar em qualquer FM de música pop. Até neste aspecto a nova formação conseguiu resgatar - com o perdão do trocadilho involuntário a tradição do grupo, que era ter vários bons cantores na formação. Além de Guilherme, Pekois e Leandro, o baterista manda bem no microfone.

Como toda obra-prima que se preze, o final é daqueles de arrancar lágrimas de emoções até dos mais turrões, e confesso aqui que foi o meu caso. A emoção de todos os presentes no palco salta aos olhos e a história que envolve essa música e o próprio show fez com que o momento fosse ainda mais intenso.

Eles sempre tiveram o hábito de encerrar seus discos ao vivo com alguma canção gospel. O dia do show estava se aproximando e eles ainda não tinha a canção para o encerramento. Foi um técnicos de som chamado Janderson, que também arranha como cantor, apresentou um rascunho. Apartir dali a criação foi coletiva, com cada um dos meninos acrescentando uma frase aqui, outra acolá e a música ficou pronta praticamente no dia do show.

Ocorre que depois de uma semana inteira de tempo bom e de um dia inteiro de sol, horas antes da gravação um temporal se abate sobre Camboriú. Era como se o mundo desabasse sobre a alma de todos os envolvidos na produção. Foi quando o empresário Hildebrand lembrou-se de eventos semelhantes na época da gravação do primeiro DVD Micareta Sertaneja, penitenciou-se por sua pouca fé e fez suas preces. E a chuva passou, dando a todos os membros da banda o sentimento de garra e determinação que transparece nas imagens de todo o show e culmina na última música.

É emocionante ver Guilherme não conter as lágrimas ao cantar "Mais que vencedores", todos com os olhos úmidos e o nó na garganta é praticamente visível a olho nú. Quando a música acaba e os créditos sobem, uma enxurrada desaba dos céus, sem que o público demontre o mínimo de sinal de arredar o pé pra fugir da chuva. O final perfeito para um show perfeito. A imagem do cantor Guilherme se jogando no chão do palco, enxarcado pela chuva entrará para a história, assim como esse disco. Numa escala de zero a dez, a única nota que me vem na cabeça é onze.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Xirley - Novo clipe de Gaby Amarantos


E vem aí o CD!!!

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