segunda-feira, 25 de julho de 2011

Assim o Sertanejo se mata

Julho está sendo um ano cabuloso para o sertanejo. Na hora de escolher musicas nordestinas para regravar, as escolhas tem se demonstrado de uma infelicidade atroz! Se é uma crise pontual, com tudo voltando ao seu rumo correto nos meses seguintes, é algo impossível de prever, apesar do fato de que os detratores da modernização já estarem soltando seus fogos. A impressão que se tem é que o tsunami "Minha mulher não deixa não" entorpeceu a percepção dos produtores musicais. Visivelmente não há critério nas escolha de qual musica nordestina deve ser regravada. Esclarecer os motivos para essa confusão pode ser arriscado, mas correr riscos não é algo que assuste um blogueiro que escreve com a faca nos dentes, então vamos lá.


Em primeiro lugar, saibam que os nordestinos não estão gostando nem um pouco dessa tendência de os sertanejos gravarem o que forró tem produzido de pior. Eles querem se ver bem representados, eles não vêem a hora do forró ser reconhecido nacionalmente e não acham que essa série de regravações equivocadas traga algum benefício. Em segundo lugar, o que os produtores musicais não percebem é que o sucesso de "Minha mulher não deixa não" tenha se dado pelo fato de que a música é ruim e que o povo gosta de música ruim. Pode parecer uma lógica maniqueísta, mas acredite, a maioria deles pensa assim. E como de praxe, estão errados.

Uma série de detalhes fez de "Minha Mulher não deixa não" o sucesso que foi, desde os mais óbvios até os mais ocultos. O primeiro, é claro, foi o clipe, sem ele nada disso estaria acontecendo. A letra é engraçada, mas o próprio clipe não estouraria sem um detalhe básico, o óbvio ululante, a dança dos meninos. Foi a dança que estourou o clipe e foi o clipe que estourou a música. Essa é a parte visível da coisa toda. Só que existe um subtexto na música que poucos analistas se atentaram. O matriarcado da sociedade nordestina.

Apesar de ser uma região que produza muitas letras que rebaixam as mulheres, por lá as mulheres mandam mesmo. Não é a toa que no sertão, muitas vezes dos homens tem seus nomes completados com os de suas mulheres ou mães: é o Tonho de Marileide, o Petrúcio de Vera ou o Nemédio de Erotildes. Isso não é explícito, mas tá lá no subconsciente coletivo nordestino e foi lá que a letra de "Minha mulher não deixa não" ecoou. Um hit pode ser imprevisível, mas uma vez ocorrido pode ser justificado, se analisado com atenção. O que os produtores musicais sertanejos estão tentando fazer é tentar capturar um relâmpago em uma garrafa para reproduzí-lo quando abrirem a tampa.

Atualmente a música brasileira vive um momento mágico de criatividade, com um intercâmbio de informações e referência que sempre me animou muito. Um caos, uma bagunça saudável, o caos que o filósofo Nietzsche dizia ser necessário ter dentro de si para dar luz a uma estrela dançarina. Só que justamente no caos é que se deve prestar muita atenção ao que é informação e o que é só ruído. Não é regravando ruído nordestino que os sertanejos serão os parteiros da estrela dançarina da musica brasileira do século XXI. Tem muito forró de qualidade, basta pesquisar mais.

4 comentários:

Belo post, impecável! ..Falou tudo e falou bonito!

Ana..

muito bem dito cada palavra... embora o ritomo que eles botam nas musicas seje diferente e fique mais alegre , mas se parar pra prestar atenção no conteúdo , infelizmente ficam a dever mesmo...parabens timpim matéria excelente.

Sob quais dados se sustenta as afirmativas contidas na narrativa?
Para exemplificar: Com quais argumentos se afirma a passagem a seguir: "Em primeiro lugar, saibam que os nordestinos não estão gostando nem um pouco dessa tendência de os sertanejos gravarem o que forró tem produzido de pior. Eles querem se ver bem representados, eles não vêem a hora do forró ser reconhecido nacionalmente e não acham que essa série de regravações equivocadas traga algum benefício." ???

É jornalismo opinativo?

sera mesmo que so regravam o que ha de "pior" no forró? E jorge e mateus que regravaram "amor covarde", "pode chorar" ambas de avioes do forro? Aqui no nordeste o ritmo da musica tambem e levado em consideração, gostamos de musica animada e sinceramnete as musicas das bandas nordestinas ficarm horriveis na voz dos sertanejos.

Postar um comentário

Solta o verbo!

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More