O Rock Nacional Morreu e teve show Sertanejo no Enterro

O sertanejo substituiu o rock como a música consumida pela juventude brasileira. Se esta frase fosse escrita no começo dos anos 90, seria considerada ficção escatológica, mas na atualidade é a mais Pura Realidade.

Exaltasamba Anuncia Pausa na Carreira

Depois de 25 Anos de uma Carreira Brilhante e de Muito Sucesso, o Grupo Exaltasamba anuncia que vai dar uma 'Pausa' na Carreira.

Discoteca Básica - Aviões do Forró Volume 3

O Tempo nunca fez eu te esquecer. A primeira frase da primeira música do Volume 3 do Aviões doForró sintetiza a obra com perfeição: um disco Inesquecível.

Por um Help à Música Sertaneja

Depois de dois anos, João Bosco e Vinicius, de novo conduzidos por Dudu Borges, surgem com mais um trabalho. Só que ao invés de empolgar, como foi o caso de Terremoto, o disco soa indiferente.

Mais uma História Absurda Envolvendo a A3 Entretenimentos

Tudo começou na sexta-feira, quando Flaviane Torres começou uma campanha no Twitter para uma Espécie de flash mob virtual em que os Fãs do Muído deveriam replicar a Tag #ClipSeEuFosseUmGaroto...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Absolutamente Stephany

Mais recente sucesso produzido via internet, a cantora Stefhany não se abala com o rótulo de brega e só pensa na composição da música que vai gravar com o ídolo Amado Batista




Modéstia é o que não falta a Stephany, o mais novo sucesso produzido pela internet, com mais de 1 milhão de visualizações desde fevereiro deste ano até o fechamento desta edição. Vide a letra da música Eu sou Stephany, que a consagrou no País, cujo refrão diz Eu sou linda/Absoluta/Eu sou Stephany.

Composto pela própria com a ajuda da mãe – empresária e mentora da carreira da jovem –, o hit caiu no gosto da elite carioca. Preta Gil, que se declarou fã da cantora, incluiu o sucesso na apresentação que fez numa boate do Rio de Janeiro. Tanta euforia em torno da moça levou a produção do Domingo Legal a convidá-la para se apresentar no programa por duas vezes consecutivas. Uma delas, ao lado do ídolo Amado Batista, cujo estilo Gugu afirmou ter semelhança com o trabalho de Stephany.



A cantora, nascida em São Paulo e criada no Piauí, é a atual sensação da rede e um fenômeno que cresceu em forma de viral (conteúdo que se espalha espontaneamente). Tem apenas 17 anos e, antes de ser conhecida nacionalmente, já fazia shows lotados em cidades do Piauí, Ceará e Pernambuco e Maranhão.

O videoclipe, assim como os demais postados no YouTube, tem produção bem amadora, quase tosca. Todos eles foram realizados por um cameraman contratado. No clipe que estourou na internet, mostra a cantora à espera do namorado que não aparece para vê-la. A letra dá suporte à cena em que Stephany se mostra desencantada, mas decide se produzir e sair dirigindo, um Cross Fox, rumo a uma festa, onde o encontra acompanhado de outra mulher. A música é a versão em ritmo de forró pop de A thousand milles, hit do ano de 2002, da cantora norte-americana Vanessa Carlton.
Na internet, a cantora se tornou figurinha fácil no início de fevereiro. Um dos primeiros blogs a postar o vídeo Eu sou Stefhany, no último dia 5 de fevereiro, foi o Papel Pop (www.papelpop.com), editado pelo jornalista Phelipe Cruz. O blogueiro lembra que quando publicou o vídeo, indicado por um leitor do Piauí, havia cerca de 40 visualizações. Em poucas horas, o contador do YouTube já havia sido visto mais 10 mil vezes. Nos dias seguintes, os números subiram ainda mais, pois o blog possui média de 70 mil visitantes por dia.



O sucesso da cantora pode ser associado ao fato de ela usar uma melodia bastante conhecida aliado à graça que uma produção despretensiosa pode gerar. Para o blogueiro Phelipe Cruz, tamanha repercussão aconteceu por que Stefhany fez um cover de uma música famosa, mas ambientada no mundo dela, com direito a um refrão impagável, onde tudo se encaixa perfeitamente. “Ela é original. Ela é o que é e é feliz assim. Se fosse algo forçado, não despertaria fascínio. Stefhany representa um Nordeste que nós, internautas antenados, a maioria do Sudeste, nos desacostumamos a reconhecer ou ver de perto”, avalia.

Em conversa por telefone com o DMRevista, Stefhany se mostrou com os pés no chão, sem deslumbre com a fama. “Não me considero tão famosa quanto dizem. Ainda estou começando e sei que sucesso de verdade é uma coisa que leva tempo”, conclui. O relógio marcava 10 horas da manhã e a cantora ainda dormia, pois havia feito dois shows na noite anterior. A entrevista só rolou numa segunda tentativa, quando o empresário João Neto a despertou.

Assim tem sido a rotina da jovem cantora. Nesta semana ela só terá um dia de folga. Nos demais, tem duas apresentações agendadas por noite, em cidades diferentes no Nordeste e do interior de São Paulo, com plateias sempre cheias, segundo ela.

Stefhany, ainda bem pequena, sonhou ser modelo. Mas não demorou muito para desistir da ideia por considerar o mercado difícil. Graças à influência da mãe Nety, cantora de forró que fez relativo sucesso na região, se apaixonou pela música. “Se hoje eu canto é por causa da minha mãe, devo tudo a ela. Ela é minha grande ídola”, diz orgulhosa.

Aos oito anos virou backing vocal de Nety, que já cantou em vários grupos do Piauí. Mais recentemente, fez dupla com o cantor, também de forró, Tonivan dos Teclados, mas foi “dispensada” por ele. O fato a abalou e a fez passar por maus bocados. Deprimida, ficou vários dias sem comer até decidir dar a volta por cima. A história está relatada no site oficial da cantora (www.stefhanylevaeu.com.br).

A decisão de fazer gravar a versão de A thousand milles foi de Nety, que gostou da canção após ouvi-la no filme As Branquelas. “Na verdade eu nem queria cantar esta música, mas minha mãe decidiu e eu obedeci”, afirma Stephany.

A maioria dos comentários registrados no YouTube sobre os videoclipes de Stefhany, claro, não é favorável à cantora e quase todos se referem à produção meia-boca. Mas Stephany não se deixa abalar pelas críticas negativas e muito menos crê que seu trabalho seja desprovido de qualidade. Tanto que as opiniões são mantidas, com exceção, claro, dos insultos.

O blogueiro Phelipe Cruz crê que realmente a cantora se acha bonita com o visual que muita gente considera de mau gosto e que ela, de fato, se acha linda e absoluta. Os clipes são espontâneos e expõem a maneira como a cantora leva a vida. “Não é de hoje que faço clipes. Para cada música do meu CD, gravamos um, do jeito que achamos melhor”, endossa a cantora.

As produções em vídeo são dirigidas e roteirizadas pela mãe de Stefhany, que contrata um cinegrafista para a filmagem. A escolha das cenas é feita pela cantora junto com a irmã Josely. As postagens na internet, por sua vez, Stephany não sabe quem as faz. “Eu e minha mãe nem sabemos como colocar um vídeo no YouTube e não sabemos quem põe. Imagino que sejam fãs e eu agradeço muito por isso”, diz.

As filmagens são realizadas para os DVDs de divulgação que são exibidos em bares e, assim, estimular a contratação de shows. Nety afirma que os roteiros que prepara para as filmagens não têm nada de mirabolante. A inspiração vem sempre das letras das músicas e, por terem sido compostas por elas mesmas, fica fácil idealizar os videoclipes.




Em rede nacional

O encontro com Amado Batista, promovido pela produção do programa Domingo Legal, rendeu frutos a Stephany. Amado convido-a para gravar juntos uma música para seu próximo CD. Nesse momento, a jovem se dedica, em parceria com a mãe, à composição da faixa a ser gravada. “Cantar com o Amado é um grande sonho pra mim. Sou muito fã e o achei muito humilde e gente fina quando o conheci, ainda mais depois do convite que ele me fez para cantar no CD dele”, vibra.

A aparição em rede nacional de televisão foi responsável por uma turbinada na agenda de shows. Se, em tempos de vacas magras, quando Stefhany cantava ao lado de Tonivan dos Teclados, o cachê era míseros R$ 30 por show, agora a situação ficou bem melhor. Sobre dinheiro, a cantora se esquiva e diz não se preocupar com isso. Mas o empresário João Neto afirma que para shows no Nordeste, o valor cobrado é de R$ 13 mil. Para cidades mais distantes o valor sobe. “Se fosse para ela cantar em Goiânia, ficaria em torno de R$ 20 mil”, contabiliza.

A mãe de Stefhany, dona Nety, como prefere se chamada, diz que nunca planejou a carreira da filha e que nem esperava pelo sucesso. “O nosso intuito sempre foi trabalhar, para ter uma vida melhor, por que em nossa região é muito difícil arranjar bons empregos e, além disso, sou viúva”, diz.
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Fonte: http://www.dm.com.br/materias/show/t/absolutamente_stephany

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Stefhany: muito além dos virais e dos gaviões

Gugu Liberato, Preta Gil e Cláudia Leitte formam a Demoníaca Trindade do oportunismo e da desonestidade com seu público. A mais nova vítima dessa quadrilha de gaviões reside em Inhume, interior do Piauí, e se chama Stefhany. Com apenas 17 anos e dona de uma voz poderosíssima, é sucesso no interior do Estado e reúne mais pessoas do que a população de sua cidade em seus shows.

No último Domingo Legal, do SBT, ela estava lá, pela terceira vez consecutiva. Cláudia Leitte e Preta Gil têm cantado o hit "Eu sou Stefhany" em seus shows. O motivo? Mamarem nas tetas do sucesso que o clipe fez na internet. Um dos mais bem sucedidos virais de 2009, o clip aconteceu na web pelo mais puro acaso. Um anônimo qualquer postou o vídeo no Youtube e, devido aos méritos inusitados do clipe, alastrou-se rapidamente e já chega a mais de trezentos mil acessos.

Por méritos inusitados entenda-se uma produção altamente tosca e uma citação, tanto na letra (versão em português de "A Thousand Miles", de Vanessa Carlton) quanto no clipe do Volkswagen Cross Fox.



Nas poucas citações feitas pela imprensa on-line, Stefhany costuma ser enquadrada na categoria das celebridades instantâneas que conquistam fama passageira por causa das facilidades de produção e divulgação de conteúdo proporcionadas pelas câmeras digitais e os programas caseiros de edição.

Só que Stefhany não é um viral, Stefhany é muito mais. Ao contrário da dupla Valmir e Josy ou do rapper brasiliense Hungria Hip Hop, que fizeram seus clipes visando o sucesso nesse novo nicho de celebridades de clipes caseiros, Stefhany já tinha sua história e seu viral foi um daqueles azares que se transmutam em sorte.

Na primeira vez que se assiste a um vídeo dela é fácil tomar um susto com a discrepância entre o que se vê e o que se ouve. Seu corpo e jeito de menina e sua voz de mulher, como diria Reginaldo Rossi, surpreendem. Não é possível, alguém deve estar dublando. Mas não, além de ter mesmo aquela voz, a menina ainda compõe as músicas que canta.

Stefhany começou a cantar aos oito anos de idade, fazendo backing vocal para sua mãe Nety, que era cantora. Depois fez parte da "banda" Tonivan dos Teclados, que ao saberem dos planos da menina de seguir carreira solo, a dispensaram sem dó nem piedade. Ao notar a repercussão que a demissão teve, Nety decidiu empresariar a carreira da filha e começaram juntas a compor o repertório do futuro disco de estréia. Com o disco produzido de forma independente, partiram para a divulgação.

Como disse o presidente americano Barack Obama, "o mundo mudou", então ao invés de darem com os burros n'água batendo nas portas das rádios, as duas largaram o disco nas mãos dos pirateiros, pois como a própria Stefhany diz, "cantor não ganha dinheiro com CD e DVD. Até gente rica prefere um pirata. Pra mim o importante é que as pessoas conheçam minhas músicas e que eu consiga fazer show por todo o Brasil." Em três meses, o disco vendeu mais de treze mil cópias.

Mesmo com todo o sucesso que a cantora está fazendo pelo interior do Piauí, a estrutura dos shows, que já conta com 14 pessoas, continua familiar e inclui sua mãe (que é empresária, assessora, compositora e backing vocal), irmã (dançarina) e tio (montador de palco). O som segue a linha do forró romântico e integra o cânone inaugurado pela Banda Calypso. Sei que posso colocar minha cabeça a prêmio junto à nação fanática por Calypso, mas arrisco a dizer que o vocal da Stefhany é tecnicamente superior ao de Joelma.

Com dois CDs e um DVD lançados, a cantora tem um público em seus shows composto em sua maioria por crianças, logo, munida de sua juventude, beleza e talento, ela sobreviverá a Preta Gil, Cláudia Leite e Gugu Liberato, pois sua vaga no coração da próxima geração de jovens do sertão nordestino está garantida. Stefhany pode ficar tranquila e não precisa se preocupar com as pessoas que riem de seus clipes, pois quem ri por último, ri melhor. Stefhany está muito além dos virais e dos gaviões.


originalmente publicado no site Bis

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Cuidado, Fantasmão, tem ghostbuster na área!

Por: Tony Pacheco




Como todos sabem (ou quase todos) já fui produtor de banda de pagode e assessor de imprensa da maioria das estrelas da axé music. E, também, como todo mundo sabe, um produtor paga uma nota preta pra colocar seu artista num programa de TV ou na programação diária das rádios.
Isso já não é mais novidade.

Agora, estava na Feijoada Alô Imprensa (da Fiat e Bridgestone, pilotada pelo meu querido amigo Paulo Brandão, que se supera a cada ano) e tomei conhecimento de um tipo de jabá do qual eu jamais tinha ouvido falar: o pagamento para esculhambar o concorrente.
Pelo que ouvi na Feijoada que aconteceu no Forte de São Diogo na quinta de Carnaval, certo artista de certa banda estaria bancando uma campanha negativa contra a banda Fantasmão. E a principal peça de acusação contra os meninos do Fantasmão é que "todo show deles tem briga", é uma "banda que incita a violência" e por aí vai. E, aí, eu me toquei: realmente, nunca ouvi tanta gente na TV e no rádio esculhambando tanto uma banda como estão fazendo com o Fantasmão. Quer dizer, a acreditar no buxixo que rolou na Feijoada de Paulinho Brandão, a campanha contra é orquestrada e muito bem paga.

Mas eu me recuso a acreditar que tenha gente que perca tempo e dinheiro com isso. Porque, na verdade, como jornalista que fui especializado em música durante 20 anos, eu digo uma coisa aos leitores deste blog: NÃO VAI ADIANTAR NADA. Quanto mais se bate num artista, mais ele cresce. Eu lembro que quando Rosenil, Adriano, Max e eu produzíamos Xandi do Harmonia do Samba, criticavam muito o fato de ele rebolar no palco. O nosso entendimento é que nunca deveríamos responder a estas críticas, porque foi justamente o rebolado que levou o artista a ser reconhecido nacionalmente. Quando Elvis Presley rebolou feito doido nos EUA, também foi um marco em sua época. E hoje é lembrado como um deus da música americana.

Em resumo: quanto mais gastarem dinheiro pra esculhambar o Fantasmão, mais o Fantasmão vai crescer.

RAZÕES DO SUCESSO

Em tempo, não sou advogado do Fantasmão. Tenho simpatia por que alguns músicos da banda tocaram também em bandas produzidas por Clécio Max e por mim. E porque a música é excelente. Pelo menos, por enquanto.

De mais a mais, o Fantasmão é original, não faz parte deste monte de bandas que se imitam mutuamente. As letras, curtas e grossas, falam dos problemas sociais dos jovens, negros e brancos, dos bairros periféricos. Do preconceito, da perseguição policial etc. e tal. Não é aquele amontoado de letras de xanas ralando no asfalto que a gente vê por aí.

E em termos musicais, a mistura de poesia rápida (o rap), toques de hip hop, guitarra pesada de hard rock e suingue do pagode, fizeram da sonoridade do Fantasmão uma coisa ímpar no mercado. É por isso que ninguém quer que a banda suba.

Já vi este filme com o Harmonia do Samba... Era conspiração pura.

Por fim, vamos deixar de bobagem minha gente: mais violência do que o Chiclete com Banana atrai com o seu arrastão, IMPOSSÍVEL!!!

Quem, como eu, já fiquei no trio do Chiclete, no alto, junto com Bell, acompanhando a banda como assessor e, ao mesmo tempo, quem, como eu, seguiu o Chiclete no chão, na Rua Carlos Gomes, junto com meus colegas da academia de capoeira Navio Negreiro e da academia de karatê de Mestre Ivo Rangel, sabe que é pau puro e Bell Marques NÃO TEM NADA COM ISSO. Ele faz música. Se a música dele atrai gente porradeira, problema dos porradeiros.

O mesmo vale para o Fantasmão. O cantor Edi (não sei como ele escreve o próprio nome atualmente kkkkkkkkkkkkkkk) atrai gato e cachorro (eu estou entre os cachorros). E daí? Atrai porque a música é puro agito, como o Chiclete.
E vâmo que vâmo!

Extraído do blog Os Inimigos do Rei

Kuduro - A nova sensação do Brasil !

A música Brasileira, tem a sua raiz na áfrica. De lá, juntamente com os escravos, importamos a pegada do axé, o rítmo dos tambores e a dança sensual que tanto encanta o mundo.
Na Bahia, principalmente, temos contato direto com esta nossa raiz afro.
E é justamente na Bahia que um novo rítmo vindo diretod e Angola, tem conquistado muita gente. O Kuduro.

Mas, o que é Kuduro? De onde ele vem?

O funk do morro, o hip hop do gueto. Quando a periferia resolve se manifestar musicalmente, é certo que um batuque envolvente vai sair dali. O kuduro começou nos musekes (bairros periféricos) de Angola, país africano que fala a nossa língua, é prova da universalidade dessa tendência. Esse nome, dado à dança e ao ritmo na década de 90, quer dizer o que parece. Ku, para esse povo, é o mesmo que "bunda" para nós. No caso, bunda dura.

Nem é preciso dizer que, apesar de engessado, o quadril - principalmente os femininos e voluptuosos - é o símbolo do gênero musical. Pouco se deslocam as ancas e muito se mexem as pernas e braços. O corpo segue a batida grave e compassada do hip hop ou da dance music, com passinhos característicos do break, acrescentando aos poucos os remelexos típicos da dança africana, com direito a mão na cintura, trancos com os ombros e jogo acelerado de pernas.

Pioneiro do kuduro, Tony Amado deixou um legado cultural a dezenas de DJs, músicos e entusiastas de sua terra. Ele foi ponte entre os Estados Unidos e Angola, quando trouxe de lá fórmulas do ragga, além das bpm´s (batidas por minuto) baixas do house, do techno e do hip hop. A forma de cantar segue a estrutura cadenciada do rap e os tambores e outros instrumentos tradicionais da região dão o tom africano, bem como elementos do samba influenciam muitos dos ritmos populares brasileiros.

Apesar de já existir há mais de uma década, o kuduro não invadiu de jeito o Brasil. Ele foi incorporado aos poucos nas discotecagens de DJs de funk carioca e ao axé da Bahia. Grande representante atual dessa batida afro, Dog Murras já tocou até em trios elétricos de Salvador. Ao lado de Tony e outras quatro seguidores do gênero, Murras foi também personagem do documentário Kuduro, Fogo no Museke, idealizado e dirigido por Jorge António, em 2007. Além da apologia à gostosura das mulheres, as letras do Dog Murras, que tem cinco álbuns na bagagem, mostram a realidade miserável de sua pátria, tão dura quanto seu português colonizado.

Kuduro no Mundo

Desde sempre, a divulgação do kuduro na Angola é feita no boca a boca. Ou melhor, de candongueiro a candongueiro. Típico no país, esse táxi que comporta até 12 pessoas é o maior ponto de venda de discos. Foi numa dessas corridas que o ritmo vazou para os outros continentes e caiu na bagagem de caras como o gringo Diplo, que levou o ritmo às Américas (e às produções do rap senegalês de M.I.A), e o britânico Sinden, que espalhou o suingue pelas baladas européias.

Até mesmo Portugal, que colonizou o país africano até 1975, se pegou dançando o Kuduro. Maior representante do gênero em terras lusas, a equipe Buraka Som Sistema (foto) faz bom uso do kuduro para rimar sobre batidas eletrônicas. Um dos principais responsáveis pela popularização do gênero no mundo, o trio formado pelos produtores Lil John , DJ Riot e Conductor beberam do som dos morros cariocas, das raízes africanas e do que há de mais tecnológico no universo hip hop e dance do mundo. De toda essa influência saiu o que eles denominam breakbeat, club e ghettotech.


No Brasil o Kuduro chegou para ficar. Na Bahia Dog Murras faz sucesso com sua dança contagiante e cheia de energia. É como se fosse um ingrediente a mais na receita energética da música baiana. E este ingrediente a mais, está fazendo com que artistas como a banda Psirico adotem o Kuduro em suas músicas e conquiste cada vez mais público.

O Psirico que já vem fazendo shows com músicas no rítmo do Kuduro pretende gravar, para o próximo cd, um especial juntamente com Dog Murras só com o rítmo Angolano.

Este intercambio cultural, faz com que a música brasileira fica ainda mais rica e que as nossas raizes africanas fiquem ainda mais valorizadas.

E quem ganha com isso é você, que gosta do axé e que não dispensa uma música com muito alto astral ao som dos tambores da Bahia e da música afro brasileira.

Fonte: Sambando.com

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Fantasmão toca Kuduro. Vai encarar?

A experiência e a perspectiva histórica nos ensinaram que da Bahia pode se esperar tudo. No entanto Fantasmão, a grande revelação do carnaval baiano deste ano pôs minha credulidade em cheque. Misturando poesia rápida, toques de hip-hop, uma guitarra pesada de hard rock ao já bem conhecido pagode, Fantasmão se tornou uma banda ímpar no cenário pop nacional.

O público consagrou Kuduro como o grande hit do carnaval de Salvador em 2009. Faixa de trabalho do último disco de estúdio da da banda, o vídeo do Kuduro no Youtube já tem mais de um milhão de views. Mas que diabos é kuduro afinal de contas?

Kuduro surgiu inicialmente como uma dança em Angola quando Tony Amado começou a discotecar no início dos anos 90, influenciado pelos DJs de Ragga que conheceu nos Estados Unidos. Gradualmente, foi vazando do continente africano e fatalmente chegou ao recôncavo baiano, através do DJ Dog Murras, e influenciou bandas como Psirico e o nosso Fantasmão.



Criado em julho de 2006 por Eddye, ex vocalista da banda Parangolé, o grupo logo começou a se destacar com sua inusitada proposta musical aliada a letras com uma forte crítica social. O ritmo foi batizado por seus criadores como Groove Arrastado e é melhor descrito pelo próprio Eddye: "O groove arrastado é um ritmo que resulta das sonoridades do samba, reggae, rock e hip-hop. É um movimento novo na Bahia, mas graças a Deus temos conseguido difundi-lo e já vemos outras bandas cantando nossas músicas! Isso é muito bom. Quanto à diferença em relação ao pagode tradicional, o Fantasmão não usa cavaquinho, que é um instrumento típico do pagode. Ao mesmo tempo que não usamos cavaquinho, a gente tem como componente fixo da banda um DJ que nos acompanha em todos os shows e dá uma batida mais eletrônica nas músicas!"

O fator diferencial e o mérito do Fantasmão não se restringe apenas à música. Ao contrário da maioria das letras das músicas de swingueira, que é como eles chamam o pagode por lá, as letras de Eddye não falam de "rachada na calçada" e assemelhados, mas do dia-a-dia e dos problemas de quem vive no gueto. As dançarinas, ao invés de roupas minúsculas, usam vestidos brancos, longos e folgados, cobrindo até o tornozelo.

Com toda essa quebra de paradigma, o show teria tudo pra ser chato, mas não. Trata-se de uma festa anárquica e extremamente extasiante. Quem quiser ver o Fantasmão com seus próprios olhos (como todo cético quando o assunto é fantasma) pode ir atrás do DVD "Confraria do Fantasmão", lançado em 2008 e disponível no site da banda.

Fantasmão é, inclusive, um autêntico fenômeno na internet brasileira. Muito mais do que aquela falcatrua chamada Mallu Magalhães. Enquanto a peguete de Marcelo Camelo foi impulsionada pelo hype indie rock, Fantasmão foi concebido pela emergente multidão de internautas lan houseiros. A comunidade da banda conta com mais de quarenta mil membros e não é a única, existem mais de 800. E eles nem Myspace tem. É mole ou quer mais?

A banda não é um caso de sucesso pontual, mas faz parte de uma cena mais ampla que renova, mais uma vez, a tradição do samba de roda, a exemplo do que já fez É O Tchan, Terra Samba e outros. Dentre os destaques dessa nova cena temos PretuBom, Psirico e Parangolé. Muito já se disse que a Africa vingou a escravidão através da música. Com a influência dos ritmos de Luanda e Angola no - segundo Caetano Veloso - transpagode soteropolitano, verifica-se que essa vingança é perene e constante.

Recentemente o vocalista do Fantasmão causou um susto (ops!) ao parar de fazer shows devido a fortes dores nas costas. Após semanas de apreensão, os fãs tiveram um alívio ao saber que no laudo médico constava apenas uma hérnia de disco, tratável através de fisioterapia e de uma cinta para corrigir a postura. Desta forma, a banda pôde retornar à ativa na última sexta-feira com um show na micareta de Feira de Santana.

Esse mês eles finalizam o clip da música Kuduro, gravado em diversos pontos de Salvador e com a participação da modelo Viviane Araújo. O terceiro disco em estúdio também está no prelo com o título provisório de Rap Groovado, sugestão dos fãs internautas. Meu oráculo disse que se esses caras caírem na mão de um Rick Bonadio da vida, é bem capaz de bombarem nacionalmente. Se bem que, como o próprio Eddye canta, o bicho vai pegar, não precisa empurrão.

PS.: Deixo aqui meus agradecimentos ao pessoal do www.sambando.com por terem me apresentado a banda e pro www.pagodeaki.com, por ter entrevistado o Eddy duas vezes.


originalmente publicado no site Bis

Mas Bah Tchê! Isso não é coisa de gaúcho!

A notícia é antiga, no entanto pouco se comenta fora do Rio Grande do Sul. Desde 2006, os grupos da chamada Tchê Music não podem mais usar a pilcha (bota, bombacha, guaiaca) por serem considerados traidores da tradição gaúcha. Seu crime? Modernizar a música gaúcha com a inclusão de novos instrumentos e novas referências sonoras. Que os CTGs cultivem a tradição e evitem que essas bandas toquem em suas dependências é compreensível, mas estender a proibição ao vestuário beira o absurdo.

Não que esses grupos façam ou fizessem questão da pilcha. Uma das críticas que os tradicionalistas mais faziam a eles era inclusive seu "desleixo" quanto a forma como se vestiam em suas apresentações. Boinas, bombachas apertadas, bandanas e até calças jeans e chapéu de cowboy foi demais para aqueles gaúchos de bombacha e cuia de chimarrão na mão.

A Tchê Music começou a ser lapidada nos primórdios dos anos 90 com o grupo Tchê Barbaridade, logo seguido por Tchê Garotos, Tchê Guri, Garotos de Ouro e outros. Eles colocaram percussão, guitarra elétrica e até mesmo DJ em seu instrumental. Na parte da mescla de ritmos, incorporaram forró, axé, sertanejo e rock. O resultado foi um som novo, vigoroso e empolgante e o consequente retorno do público jovem aos bailões.


Os Garotos de Ouro em ação, sem pilcha nem bombacha

No novo disco ao vivo dos Tchê Garotos, para nos atermos a um exemplo ilustrativo, na música "Eu Vou Te Amar" um desavisado poderia pensar que Batista Lima, vocalista da banda Limão com Mel, se mudou de mala e cuia de Salgueiro, sertão de Pernambuco, para Bagé, no coração dos pampas.

No entanto, tamanho sacrilégio não pode ser tolerado por muito tempo pelos arautos da tradição campeira. Em 2006 o MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) se reuniu no Paraná (não tinham um lugar no Rio Grande do Sul para fazerem isso?) e decidiu endurecer as restrições aos grupos de Tchê Music. Como retaliação aos hereges, ficou decidido que eles a partir de então estariam expressamente proibidos de tocarem nos CTGs. Assim, da noite pro dia, mais de 3.000 pontos passíveis de se fazer show sumiram do mapa. Os Centros que desrespeitassem a resolução seriam notificados e até mesmo expulsos do MTG.

Tudo com as mais nobres e estúpidas boas intenções: a manutenção da ordem, da moral e dos bons costumes gaudérios.

Acontece que a música, como qualquer outra manifestação cultural, é algo vivo e, como todo ser vivo, cresce, se expande e dialoga com outros seres viventes; não pode ser engessada, estagnada em uma forma
específica e rígida. A música gaúcha, sob o controle dogmático da ala tradicionalista, se encontrava em tal estado de mais do mesmo que a molecada simplesmente não se interessava mais por ela. Se tem alguém que estava
assassinando a cultura gaúcha com excessivas doses de obsolência era justamente esses tradicionalistas, e não o pessoal da Tchê Music.

Interessante notar que esse pessoal defensor da tradição parece ignorar que o vanerão, por exemplo, surgiu de uma mistura de diversos ritmos com a habanera, que floresceu em Havana, Cuba, há mais de 200 anos e foi a primeira música genuinamente afro-latino-americana. Se essas pessoas já apitassem naquela época, é bem provável que não tivéssemos hoje nem o vanerão, nem o Texeirinha.

Aliás, será que esse povo se lembra que o Texeirinha gravava samba canção?


originalmente publicado no site Bis

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Tudo Junto & Misturado



Latino, como sempre, é o dono das melhores sacadas. Em seu novo disco, chamou vários amigos para fazer duetos. O resultado foi uma salada de ritmos capaz de fazer os puristas vomitarem as próprias tripas por quatro dias consecutivos. Latino sacou o espírito da época e graças às parcerias, misturou diversos estilos, com diversos graus de êxito.

Mas não é do disco dele que quero falar aqui. Não agora. Agora é a hora de falar de uma revolução nem um pouco silenciosa que está ocorrendo na música brasileira. Não é a MPB, esta se encontra em estado catatônico e nada de empolgante pode se esperar dela. São os ritmos populares, aqueles que são tratados como lixo pela Zelite Cultural.

A globalização fez bem para os ritmos populares. Ao invés de comprarem briga com os pirateiros, usaram a contravenção para divulgar o seu som. Se ligaram que dinheiro se ganha é fazendo show, é trabalhando e não desfrutando a vista do mar em apartamento em Ipanema, enquanto o ECAD deposita a verba dos direitos autorais direto na conta corrente. Vai trabalhar vagabundo!

Só que o aspecto mais interessante dessa coisa toda é que os estilos começaram e se influenciar mutuamente. O sertanejo incorporou a batida do vanerão e aposentou a choradeira do primeiro boom causado por Leandro & Leonardo e Zezé di Camargo & Luciano. Os pioneiros foram Bruno & Marrone. Reparem, Chitãozinho & Chororó nunca foram muito inovadores, apenas seguiam a maré.

O vanerão, que ficou anos e anos engessado, mantido em cativeiro dentro dos CTGs (Centros de Tradição Gaúcha) chupinhou a batida do axé e do forró e modernizou-se, de modo a conquistar o público jovem, que já não suportava mais Gaúcho da Fronteira e Oswaldir & Carlos Magão. Tchê Garotos e o Grupo Tradição lotam estádios em suas turnês.


O forró, desde a inovação estética e formal que foi o Mastruz com Leite nos primórdios dos anos 90, sempre foi afeito a antropofagias diversas, por vezes as mais sem noção. Os caras são capazes de adaptar qualquer música ao ritmo do forró. Na época do frissom do filme "Tropa de Elite", até o A-ra-pa-pá eles conseguiram. E foram os Aviões do Forró que mais uma vez inovaram o estilo, com o minimalismo e a, por que não dizer? libertinagem do Pancadão carioca.


E a Banda Calypso, que eu considero a grande banda brasileira da década, influenciou todo mundo, principalmente com seu modus operandi: produção totalmente independente e vistas grossas à pirataria. Muito mais do que o anarco-capitalista Eike Batista, se tem um brasileiro que merece estar rico, este cidadão chama-se Chimbinha e neste momento está escolhendo as músicas de sua banda que estarão no playlist da próxima versão do Guitar Hero.

Desnecessário dizer que com toda essa mistura houve um salto de qualidade no som de todo mundo. A festa é geral, tá todo mundo feliz pacas. Justamente por não pertencerem a Zelite Cultural, não ocorreram brigas de ego e nem ataques de ciumeira de parte alguma. Eu arrisco de dizer que estamos na eminência de uma grande revolução na música brasileira. Um amálgama sonoro com potencial planetário. Muito mais que aquela porcaria fabricada em laboratório chamada Lambada.

O mais irônico nisso tudo é que a enviada especial da Zelite, aquela imbecil da Regina Cazé, só fez foi atrasar essa revolução em alguns anos em seus programas em que não fazia outra coisa além de estereotipar pessoas como este que vos escreve, pobre da periferia.

E a MPB como a conhecíamos? Ah essa daí, no dia em que a MTV propôr um Estúdio Coca-Cola reunindo Latino e Caetano Veloso, aí sim deposito 5mg de esperança em sua ressurreição.


originalmente publicado no site Bis

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